domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal de recordes

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Foto: Miguel Portela

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Varejo deve faturar R$ 43 bi, maior valor em 11 anos. Na Saara, passaram ontem 2 milhões


Aguinaldo Novo, Fabiana Ribeiro e Bruno Rosa

SÃO PAULO e RIO
O GLOBO

O faturamento do varejo neste Natal deve alcançar R$ 43,2 bilhões, no melhor resultado dos últimos 11 anos. Calculada pela consultoria Gouvêa de Souza & MD, a cifra considera todos os segmentos, das lojas de roupas na Saara, no Centro, à receita de gigantes como Pão de Açúcar. Ontem, último sábado antes do Natal, o dia foi de longas filas nas portas das lojas de grifes e de 20% de alta nas vendas em relação ao ano passado, segundo varejistas, mesmo com a falta de luz em diversos bairros do Rio no início da tarde. Na Saara, mais de dois milhões de consumidores foram às compras — em dias comuns, são 40% menos.
Nos principais shoppings do Rio, segundo levantamento feito pelo GLOBO, o movimento foi de 1,1 milhão. Pelos dados da Gouvêa de Souza, o faturamento no Natal deste ano vai representar uma alta de 12,2% em relação ao mesmo período de 2006 (R$ 38,5 bilhões). Na comparação com 2005 (R$ 35 bilhões), a variação chega a 23,4%. Só ficaram fora da conta os gastos com combustíveis e compra de automóveis. Números tão vistosos assim são efeito da redução do desemprego e da explosão do crédito, com financiamentos cada vez mais esticados. Com dinheiro extra no bolso, o consumidor foi às compras.

Indústria cancela férias coletivas

Os bons resultados do varejo terão impacto na indústria. Com estoques reduzidos, muitas empresas cancelaram férias coletivas e prevêem entrar em 2008 com produção mais acelerada do que nos outros anos.

— Sem dúvida, teremos o melhor Natal desde 1996, quando o país ainda vivia a euforia do Plano Real. Mas a História mostrou que foi uma excitação artificial, e a economia mergulhou de novo em crise. Hoje, o cenário é diferente.

O país está estruturalmente mais forte, e o crescimento parece sustentável — disse o diretor-geral da consultoria, Marcos Gouvêa.

As lojas estão comemorando. No Pão de Açúcar, as vendas de panetones, frutas secas, bebidas, bacalhau e itens de informática devem registrar salto de 30% em relação a igual período do ano passado. Mas, segundo a empresa, este é o Natal dos televisores de LCD e Plasma. Com a queda média de 30% nos preços e o início da transmissão digital, a expectativa é que as vendas superem em até 30% as do ano passado.

Este também será um fim de ano de presentes mais caros. Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), 49% dos consumidores planejam gastar mais de R$ 500 com os presentes de Natal.

O varejo aquecido já provoca mudanças na indústria. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê que o setor inicie 2008 com os estoques no nível mais baixo desde janeiro de 2005.

Alguns setores ativaram novos turnos de trabalho e cancelaram férias coletivas de fim de ano. Exemplos disso são as cadeias automotiva, alimentícia e de fabricação de móveis. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) endossa a previsão da CNI. Perguntado se o forte crescimento não poderia trazer problemas de abastecimento e, por tabela, risco de inflação, o diretor de Economia da Fiesp, Paulo Francini, disse: — Gosto de ver estoques baixos e o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada) gordinho. Mostra que entramos num ciclo virtuoso.

As lojas também se adaptam ao maior movimento. Na Saara, as lojas ficarão abertas até 16h hoje e amanhã.

Ontem, funcionaram até 22h.

— Esperamos vendas 20% maiores em relação ao ano passado. É possível encontrar preços bem variados, de R$ 0,50 a mil reais — diz Ênio Bittencourt, presidente da Saara.

A diarista Patrícia Fermino e seu marido, o comerciante Manoel Jesus, chegaram ontem às 11h à Saara com a missão de comprar cem presentes de Natal. O casal pretende gastar até R$ 250 com amigos, familiares e vizinhos.

— Vamos ficar aqui até comprar tudo. Não temos pressa. Primeiro vou pesquisar todos os preços. Até 18h dá tempo — disse Patrícia.

Clientes fazem filas nas portas das lojas

Ontem, no Norte Shopping, os clientes disputavam lugar nas lojas. Só na Melissa, havia cerca de 50 pessoas na fila para cada uma das duas lojas da marca no shopping. No Shopping Tijuca, a loja de brinquedos Video Game Center teve de fechar as portas por boa parte da tarde, porque não tinha espaço para abrigar mais clientes. Na Broxton, rede de roupas masculinas do Botafogo Praia Shopping, foram vendidas mais de 140 bermudas ontem, um recorde para a grife.

Segundo a gerente da loja Antonella, do Shopping Nova América, Valeria Machado de Oliveira, a sandália rasteira de verniz (R$ 29,90) é o modelo mais procurado, e só não esgotou porque a reposição acontece três vezes ao dia: — As clientes chegam a comprar dez pares de uma vez só para dar de presente — comemora.

Algumas lojas aproveitam para oferecer promoções aos clientes de última hora, como descontos à vista.

Após comprar 30 presentes semana passada, a empresária Regina Delpim voltou ao shopping Rio Sul ontem para completar a lista do Natal: — Sempre me esqueço de alguém.

Foram tantos presentes que estourei três cartões de crédito. Fiz todas as compras parcelada

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