terça-feira, 25 de dezembro de 2007

PSDB se prepara para 2008

Blog de Josias

PSDB busca aproximação até com aliados de Lula

Sérgio Guerra marca reuniões com o PMDB e com o PSB Objetivo é fechar alianças para pleito municipal de 2008 Estratégia é apoiada pelos presidenciáveis Serra e Aécio



O novo presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), abriu a temporada de contatos interpartidários para o fechamento de alianças para as eleições municipais de 2008. Reuniu-se há uma semana com os presidentes de dois aliados tradicionais: PPS e DEM. E agendou para o início do ano reuniões com duas legendas associadas ao consócio partidário que dá suporte ao governo Lula: PMDB e PSB.



A estratégia foi acertada previamente com os governadores José Serra e Aécio Neves, os dois presidenciáveis tucanos. Embora destinadas à costura de entendimentos para 2008, as conversas miram um objetivo mais longínquo: a eleição presidencial de 2010. “Precisamos abrir o partido”, diz Sérgio Guerra.



Há uma semana, o presidente tucano reuniu-se com Roberto Freire e com Rodrigo Maia, que presidem, respectivamente, o PPS e do DEM. Com Freire, Sérgio Guerra acertou a constituição de uma comissão com dois integrantes de cada legenda, para estudar o mapa eleitoral dos municípios. Com Rodrigo, combinaram de manter contatos, para tentar chegar a uma solução consensual em São Paulo.



A eleição municipal paulista é, hoje, o principal nó nas relações entre tucanos e ‘demos’. O DEM quer que o tucanato apóie a reeleição de Gilberto Kassab. O PSDB hesita entre lançar Geraldo Alckmin e apoiar Kassab em troca do apoio do parceiro a Serra na refrega de 2010. Rodrigo Maia disse a Sérgio Guerra que há, hoje, uma pré-disposição do DEM de lançar um candidato próprio à presidência da República. Algo que pode mudar se houver uma solução que privilegie Kassab em detrimento de Alckmin.



De resto, Sérgio Guerra manteve contatos telefônicos com os mandachuvas do PMDB e do PSB. Avisou a Michel Temer (PMDB-SP) e a Eduardo Campos (PSB-PE) que deseja conversar com ambos logo depois das festas de final de ano. O tucanato já possui alianças com as duas legendas do consórcio lulista em vários municípios. Acordos firmados na última eleição municipal, realizada em 2004. Deseja agora mantê-los e, na medida do possível, ampliá-los para outras cidades.



Na reunião que manteve com Roberto Freire, testemunhada pelo deputado Raul Jungmann (PPS-PE), Sérgio Guerra disse que deseja retirar o PSDB “da clausura”. Os dois dirigentes concordaram num ponto: é preciso promover uma aproximação com o PMDB, o partido que dispõe da máquina mais bem estruturada em termos nacionais.



A impressão de Freire, compartilhada por Guerra é a de que, sem um nome forte para disputar a sucessão de Lula, o PMDB não estaria propenso a apoiar uma candidatura do PT. E tenderia a se dividir.



Um naco do partido penderia para uma composição com um candidato de fora da coligação governista, reeditando o cenário verificado na disputa presidencial de 2006. Naquele ano, a ala do PMDB liderada por José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL) alinhou-se a Lula. Outro grupo, capitaneado por Temer, apoiou Geraldo Alckmin.



Quanto ao PSB, o diálogo restringe-se, inicialmente, às eleições para prefeitos. Para 2010, o partido tem em Ciro Gomes (CE) uma alternativa presidencial. Busca o apoio de Lula para esse empreitada. E dificilmente se comporia com o PSDB. Sobretudo se o candidato tucano for Serra, o que parece mais provável. Ciro mantém com Serra uma relação de gato e rato. Os dois não se suportam. O mesmo não se dá com Aécio Neves, cujo grupo sonha com a edição de uma chapa em que Ciro figuraria como vice.



De sua parte, Lula tenta estimular os partidos que gravitam à sua volta a priorizar alianças governistas nas eleições de 2008, numa espécie de projeto-piloto para 2010. Há quatro meses, o presidente pediu a Michel Temer que organizasse um encontro com os presidentes dos 11 partidos que compõem o bloco do governo. Temer promoveu um jantar em sua casa. Mas os entendimentos não avançaram. Pretendia-se realizar uma segunda reunião. Mas ela jamais ocorreu. É nesse vácuo que o PSDB tenta trafegar.

Escrito por Josias de Souza

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