quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Quatro dias para abrir a boca e falar o obvio

Familiares e amigos comparecem ao velório do jovem Carlos Rodrigues Júnior, de 15 anos, que teria sido vítima de violência policial na madrugada de sábado (15), em Bauru, interior de São Paulo (SP). Seis policiais militares foram autuados em flagrante e estão presos no presídio militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, por suspeita de espancar o adolescente em sua residência. Os militares alegam que o garoto havia roubado uma moto, mas, segundo a família, ele não possuía antecedentes criminais. Um grupo de moradores do bairro Mary Tota, um dos mais populosos da cidade, destruiu orelhões, placas de trânsito e até um semáforo em protesto contra a violência.

Para Serra, crime foi 'brutalidade inaceitável'
Governador fala quatro dias após crime O GLOBO


SÃO PAULO. Quatro dias depois de seis policiais serem presos em Bauru, no interior paulista, acusados de dar choques elétricos num garoto de 15 anos, que morreu de parada cardíaca logo após a sessão de tortura, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), classificou o crime como “brutalidade inaceitável”. Serra disse que os policiais desrespeitaram os direitos individuais e devem ser condenados pelo crime.

— Os eventos de Bauru, pelas demonstrações que se tem até agora, foram de uma brutalidade inaceitável para o governo, a Secretaria de Segurança e a linha que a gente segue no caso das ações de segurança: dureza contra o crime e respeito aos direitos individuais. Nesse caso, tudo indica que foram gravemente desrespeitados esses direitos — disse o governador, lembrando que os PMs já foram presos e que a polícia tem mecanismos para expulsá-los de seu quadro.
Carlos Rodrigues Junior foi detido sob suspeita de roubar uma moto e torturado com 30 choques elétricos.
Sobre o lutador de jiu-jitsu Ryan Gracie, encontrado morto na cela de uma delegacia no sábado, depois de ser preso, Serra disse que o caso está sendo investigado. O psiquiatra Sabino Ferreira de Farias, chamado pela família para atender o lutador na delegacia, medicou o rapaz com seis remédios, antes de ele ser encontrado morto.

— A família chamou psiquiatra privado, que não fez recomendação de internação. O caso está sendo investigado, inclusive pelo Conselho Regional de Medicina — disse Serra.

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