sábado, 22 de dezembro de 2007

Governo Serra: Atenção, privataria em ação


Conselho decide pela privatização da Cesp

Governo de São Paulo estima que preço mínimo para o leilão, que
deve ocorrer no primeiro trimestre de 2008, seja de R$ 14 bilhões

Renée Pereira - O Estado de São Paulo

O Conselho Diretor do Programa de Desestatização (PED) aprovou ontem a retomada do processo de venda da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), a terceira maior empresa de geração de energia do País. Na reunião, membros do conselho analisaram o modelo e a avaliação feitas pelos bancos Fator e Citi, ambos contratados pelo governo paulista no início de novembro.

A empresa será vendida inteira e não fatiada, como se especulou durante algum tempo no mercado. A expectativa é que o leilão, na Bolsa de Valores, ocorra ainda no primeiro trimestre de 2008, possivelmente em março. O preço mínimo deve ficar na casa de R$ 45 por ação, o que significaria pagar R$ 14 bilhões pela companhia. Mas, segundo fontes, o preço unitário poderia chegar a R$ 60, elevando o preço total para mais de R$ 20 bilhões.

O governo do Estado detém, direta e indiretamente, 43,31% do capital total e quase a totalidade do votante (95,31%). Só a Secretaria da Fazenda é dona de 93,68% das ações ordinárias (ON). O governo de São Paulo detém apenas 17,99% das preferenciais (PNB). O restante está no mercado.

A empresa tem potência instalada de 7,5 mil megawatts (MW), distribuída em seis hidrelétricas construídas. Nos últimos anos, passou por ampla reestruturação financeira, sempre com o objetivo de privatização. Fez uma capitalização de R$ 5,5 bilhões, que incluiu emissão de ações, injeção de recursos pelo governo (da venda da Cteep) e venda de debêntures. Com isso, a companhia conseguiu reduzir sua dívida.

TERCEIRA TENTATIVA

Essa é a terceira vez que o governo de São Paulo tenta vender a Cesp. Em novembro de 2000, o Estado publicou edital estabelecendo as condições para a venda de sua participação na companhia. A alienação foi suspensa quando nenhuma das seis empresas pré-qualificadas apresentou lance.

Em outra oportunidade, em maio de 2001, houve uma nova tentativa de privatização, que foi posteriormente suspensa pelo governo estadual antes da data proposta para o leilão, em razão, dentre outros fatores, da incerteza gerada pela iminente crise energética. O Estado anunciou, então, que a privatização da Cesp estava suspensa.

Desta vez, no entanto, especialistas garantem que o apetite dos investidores é grande, já que a privatização das geradoras federais está suspensa. Há uma lista enorme de potenciais compradores da companhia. Entre elas, Iberdrola, Neoenergia, Suez, CPFL, Light, Enel, Energia do Brasil e Pátria Investimentos.

Além disso, dois dos maiores fundos de private equity do mundo estariam interessados em adquirir a companhia - o americano BlackStone e o KKR.

A privatização da companhia energética faz parte de um pacote de venda de empresas em estudo no governo do Estado de São Paulo. Todas as companhias com controle do Estado serão analisadas e submetidas a estudos com vistas à privatização.

Os sinais de retomada do Plano de Privatização do Estado começaram a surgir em agosto, quando o governo estadual abriu licitação para contratar a empresa que fará uma varredura nas participações acionárias da administração nas empresas estaduais. O governador José Serra (PSDB) queria saber quanto valem as ações no mercado para decidir quais e quantas colocar à venda.

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