segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Um fantasma percorre Europa: o terceiro mandato... do Financial Times

A famosa frase do início do Manifesto Comunista ("Um fantasma percorre Europa, é o fantasma do comunismo") bem que pode ser invocada neste caso. O efeito que a nota do Financial Times vai provocar na elite tupiniquim será provavelmente tão intenso quanto os arrepios da burguesia nos salões parisienses perante o nome de Marx, faz mais de um século.

A nota do Financial Times é isso, uma nota. Mas ela vai tirar o sono de mais de um. Para Veja, José Serra, o Cansei e tutti quanti da mesma estirpe a simples evocação de uma continuidade do Presidente Lula provoca convulsões.

Afirmar, como faz o jornal inglês, que "as constituições existem para serem mudadas" só pode ser obra de algum comunista infiltrado no baluarte do conservadorismo financeiro mundial. Invocar FHC , para justificar uma tal subversão da ordem, participa do complô para acabar com a democracia brasileira. Que digo, acabar com o próprio Brasil.

Falando sério; Lula não é Putin e nem FHC. Os mesmos que consideravam o supra sumo da "modernidade" mudar as regras do jogo (a Constituição) para permitir a reeleição de FHC, são os que hoje consideram essa eventualidade para Lula como equivalente a instalação de uma ditadura liberticida.

Existe também uma diferença: no reino tucano só FHC e o uso da maquina pública para impor sua reeleição permitiriam evitar uma vitória em 1998 do Lula. A coisa foi adiada de 4 anos.

Já com Lula a coisa é um pouco diferente: existem vários candidatos promovidos para sucedê-lo, como Ciro Gomes, Dilma Rousseff, Nelson Jobim e Tarso Genro. O escolhido, se contar com o apoio de Lula, terá certamente chances pois o crescimento econômico alavancará sua candidatura. Do outro lado, na oposição não existe liderança que por enquanto se projete acima de sua própria fração (Serra, Aécio e Alckmin ainda brigam para se cacifar) e o PSDB está isolado, mesmo dirigindo vários Estados importantes.

Isto pode mudar após as eleições municipais de 2008, mas por enquanto a situação é essa.

Mesmo assim, a simples evocação feita pelo Financial Times vai provocar uma onda de arrepios crescentes.

Pena que ao contrário do que Lula pretendia, 2010 é o único tema de interesse nacional quando ainda estamos em 2007. De continuar assim o segundo mandato do atual presidente será lembrado como aquele... que precedeu o do futuro presidente. O de 2010.

Luis Favre

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