sexta-feira, 12 de outubro de 2007

´O turismo só acontece com cooperação´

Diário do Nordeste Entrevista Marta Suplicy


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A MINISTRA do Turismo, Marta Suplicy, esteve no Ceará,

na semana passada, e anunciou uma série de investimentos

para o desenvolvimento do turismo cearense

(Foto: FOTOS: FÁBIO LIMA)

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A Ministra do Turismo, Marta Suplicy, esteve em Fortaleza na semana passada para anunciar uma série de investimentos para o setor no Ceará. Em entrevista, ela falou dos projetos do Ministério do Turismo (MTur) para o Estado e da importância de parceiros como o Governo do Estado e o Sebrae para a implementação de ações que incrementem o turismo cearense


De que forma os programas do seu ministério podem ajudar a garantir o desenvolvimento sustentável para as regiões mais pobres onde, em geral, estão algumas das paisagens mais bonitas do nosso País?

O Ministério do Turismo baliza suas ações no Plano Nacional do Turismo, que considera todas as regiões brasileiras importantes para o turismo, cada uma com sua especificidade e diversidade. Os atrativos naturais do Brasil, juntamente com seu povo, constituem a maior riqueza do País. Aproveitar o que eles têm de melhor e, ao mesmo tempo, conservá-los é um grande desafio. Mas quando falamos em sustentabilidade não podemos pensar apenas em meio ambiente. Temos que lembrar também dos aspectos sociais, culturais e econômicos da atividade turística. Diante disso, o Ministério do Turismo tem trabalhado em parceira com diversos outros ministérios e instituições locais, a fim de garantir a sustentabilidade, em todos os seus aspectos, nas mais diversas regiões turísticas.

Como o MTur pretende resolver um dos problemas do turismo do Nordeste que é a carência de mão-de-obra treinada?

Turismo sem mão-de-obra qualificada não avança. A área de qualificação me sensibiliza especialmente por causa da abertura que tem para a inclusão social, a formação da juventude e um futuro positivo para o turismo e para o País. O turismo é um grande impulsor de mobilidade social, abrindo possibilidades de crescimento. Um exemplo que eu sempre dou é que, por meio da qualificação, em pouco tempo, uma camareira pode passar a ser gerente; um garçom pode virar empresário. Poucos setores da economia permitem este avanço. Para isso e sabendo que qualificação é um processo contínuo, o Ministério do Turismo lança mão de vários projetos que visam capacitar e qualificar a mão-de-obra local para a atividade turística. Vários destes projetos fazem parte do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre o Ministério e o Sebrae.

Como a senhora vê a parceria do MTur com o Sebrae?

Trabalhar em equipe é o forte do Ministério do Turismo e o Sebrae é uma das instituições parceiras fundamentais para aplicar as políticas do MTur nos locais onde o turismo acontece, ou seja, nos municípios e regiões turísticas. A geração de emprego e renda é o que norteia nossas ações e políticas. Nesse sentido, os interesses do Sebrae e do MTur são coincidentes. O Sebrae transforma a vida de milhões de pessoas e o turismo, quando estruturado de forma eficiente e responsável, é capaz de fazer o mesmo. Um dos exemplos mais recentes dessa parceria foi a assinatura de um acordo de cooperação técnica, no valor de R$ 21,5 milhões, para a execução de projetos para o incremento do turismo no País. São ações de desenvolvimento de metodologias para o fortalecimento institucional, de gestão empresarial e de destinos para a competitividade e desenvolvimento de apoio ao mercado. Vamos trabalhar toda a cadeia produtiva para qualificarmos o setor. Tenho certeza que alcançaremos ótimos resultados no final.

O MTur é parceiro de primeira hora de um projeto pioneiro que é o Roteiro Integrado Delta-Jeri-Lençóis. Como é gerenciar reivindicações e anseios de três estados?

O papel do Ministério do Turismo na estruturação de roteiros integrados é reunir, organizar e articular as reivindicações dos estados, que, por sua vez, são demandados pelos poderes municipais. A gestão participativa e democrática fortalece o papel político de cada um dos envolvidos na produção turística - governos federal, estadual, municipal, a iniciativa privada e parceiros. O desafio, então, é integrar os interesses e as expectativas de todos, além de articular com diversas instituições para que as reivindicações possam ser atendidas. O aprendizado desse gerenciamento acontece nas experiências diárias. É muito prazeroso para mim e para minha equipe ajudar a fazer essa articulação acontecer e, principalmente, ver esse diálogo beneficiar a todos.

Ainda sobre o Roteiro Integrado, há chances dessa experiência ser multiplicada ou reaplicada em outras regiões do País?

Isso já acontece. Os roteiros integrados são o resultado de uma das importantes parcerias entre o MTur e o Sebrae e integram o projeto Rede de Cooperação Técnica para Roteirização. O objetivo é promover o envolvimento dos agentes da cadeia produtiva local na formação dos roteiros turísticos. O MTur trabalha com cinco roteiros integrados, um para cada região do País. Além do Delta/Lençóis/Jericoacoara, no Nordeste, temos o Vale do Acre, no Norte, Brasília/Chapada dos Veadeiros, no Centro-Oeste, Iguaçu/Missões, no Sul, e Estrada Real-Caminho Velho e Paraty a Ouro Preto, no Sudeste. Ações conjuntas de capacitação, qualificação, promoção e apoio à comercialização são executadas para desenvolver a sustentabilidade e projetar cada um desses roteiros no mercado. Eles já estão estruturados e disponíveis para comercialização. Temos, entre nossos objetivos, fazer com que, aos poucos, os envolvidos ganhem mais autonomia.

Aqui no Ceará, como a senhora vê a parceria do MTur com o Governo do Estado?

Tenho dito aos governadores que podem sempre contar com o meu empenho em Brasília para o desenvolvimento do Nordeste, como um todo. O turismo só acontece em ambientes de mútua cooperação. Nossa parceria com o governo cearense é determinante para o sucesso das ações no Estado, uma vez que o Ministério do Turismo não dispõe de instituições representativas em cada uma das Unidades da Federação. As Secretarias Estaduais de Turismo são as entidades capazes de disseminar as políticas propostas pelo MTur, ao mesmo tempo em que trazem até nós uma visão dos anseios e necessidades locais. Isso, somado às ações de instituições como o Sebrae e Senac, desenvolvidas de forma alinhada, garantem a sustentabilidade da atividade turística.

A senhora visitou, no dia 04/10, o município de Canindé aonde acontece a romaria de São Francisco. O MTur pretende investir no turismo religioso do Ceará, que tem Canindé e Juazeiro como os principais centros religiosos?

Nós trabalhamos com conceitos de segmentação. O turismo religioso está inserido no conceito de Turismo Cultural. A partir das prioridades traçadas pelos governos estaduais, colaboramos com a formatação de roteiros em que a busca espiritual e a prática religiosa sejam o atrativo maior para a realização de eventos e deslocamentos. Peregrinações e romarias; a participação em retiros espirituais, festas, comemorações, eventos e celebrações religiosas; a contemplação de apresentações artísticas de caráter religioso; a visitação a espaços e edificações, como igrejas, templos, santuários e terreiros; e a realização de itinerários e percursos de cunho religioso são algumas características desse segmento apoiados pelo MTur.

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