USA: Comitê de Hillary em festa
Boa repercussão de projeto de saúde aumenta chances da senadora nas eleições
José Meirelles Passos
Correspondente
WASHINGTON. Houve uma rápida mas intensa comemoração ontem no comitê central da campanha presidencial da senadora Hillary Clinton, por conta dos resultados de uma pesquisa de opinião, realizada pela CBS News, sobre o plano de saúde lançado por ela dois dias antes, como uma das prioridades de seu governo.
Nada menos do que dois terços dos eleitores disseram confiar em sua capacidade de promover uma reforma no setor, com base na experiência que acumulou 14 anos atrás, quando era primeiradama e tentara modernizar o sistema.
A impressão generalizada é de que ela aprendeu com os erros cometidos no passado, quando apresentara um plano polêmico.
Nada menos do que 82% dos eleitores democratas, 62% dos independentes e 45% dos republicanos disseram que desta vez ela conseguiria dar ao país uma assistência de saúde digna. Cerca de 50 milhões de americanos não têm plano de saúde, devido ao seu alto custo.
— A genialidade da campanha presidencial de Hillary tem sido a sua habilidade em transformar desvantagens em vantagens e fraqueza em fortaleza — disse E. J. Dionne Jr., comentarista político do jornal “Washington Post”.
A própria candidata admitiu os equívocos do passado, e comentou: — Se você não aprende com os seus erros, você pára de crescer. Agora eu acho que sei o que fazer e o que não fazer.
Seus assessores comemoravam contando, confidencialmente, que se a eleição for baseada realmente em temas, ela tem uma grande chance de vencê-la, mas se o foco for sobre sua personalidade, Hillary enfrentaria um desafio maior, pois existe ainda um notável índice de rejeição pessoal à senadora, que, ainda assim, é a favorita nas pesquisas de opinião.
O senador Barack Obama, o mais forte concorrente direto dela dentro do Partido Democrata e cujo plano para a saúde foi aceito por apenas 42% dos eleitores, decidiu apostar mais forte em outra área. Exibindo-se como um advogado dos trabalhadores, ele lançou a proposta de cortar US$ 80 bilhões em impostos para a classe trabalhadora, para pessoas com hipoteca a pagar e aposentados. Isso atingiria diretamente 182 milhões de pessoas, pouco mais de metade da população. O custo disso seria abatido com a anulação de parte do corte de impostos que o presidente George W. Bush concedeu aos americanos mais ricos: — Cedo ou tarde me acusarão de estar criando uma luta de classes. Mas é repugnante o fato de que alguns executivoschefes ganham mais dinheiro em dez minutos do que um trabalhador recebe em dez meses — disse Obama.
Enquanto isso os principais candidatos republicanos têm apenas procurado desmerecer os adversários e, no caso de um deles, até mesmo o seu próprio partido. Rudolph Giuliani, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, simplesmente disse que o plano de saúde de Hillary é “uma espécie de socialismo rastejante”.
Já Mitt Romney preferiu uma saída distinta: mostrar-se como o salvador do seu partido. Num anúncio de TV lançado ontem, ele criticou seus colegas republicanos, em geral, comparando-os aos adversários, dizendo que são gastadores e sem ética. “Se queremos mudar Washington, nós republicamos temos que pôr em ordem a nossa própria casa. Quando republicanos agem como democratas, os EUA perdem. É hora de agir como republicanos.
É hora de mudança, e a mudança começa conosco.”
O Globo (para assinantes)
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