domingo, 9 de setembro de 2007

UNA FURTIVA LACRIMA

Daniel Piza

Escrevi no blog que Luciano Pavarotti, morto na quinta aos 71 anos, foi uma espécie de Frank Sinatra do canto lírico - não necessariamente o melhor de todos, mas aquele que cativou mais pessoas, marcou um estilo e simbolizou uma era. Gigli, Di Stefano, Bjõrling e alguns outros podem ter sido maiores; Pavarotti, porém, seguramente foi um grande, em especial nas performances dos anos 60 e 70. Tinha belo timbre e amplitude, controle impressionante da emissão, potência, sensibilidade com doses de humor e drama. Tomou algumas vaias, mas uma vez foi chamado 17 vezes de volta ao palco pelos aplausos.

Certo, era um 'divo', com ataques de estrelismo; quando o vi no Parque Antártica em 1992, ficou irritado com quem pedia para cantar o que não estava programado. Mas foi também um 'bon vivant', que levava seu próprio queijo ralado aos restaurantes e adorava futebol. Concordo que se perdeu quando se tornou fenômeno pop - embora jamais um canastrão como Mario Lanza, que começou imitando. De qualquer modo, a voz já tinha deixado o apogeu, e o que fez nesse apogeu não pode ser apagado por preconceito. Servia Donizetti, Puccini e Verdi ao ponto e com molho suculento.

Leia a integra da coluna de Daniel Piza no caderno Cultura do jornal O Estado de São Paulo (para assinantes)

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