terça-feira, 11 de setembro de 2007

O mundo é online

CONEXÃO GLOBAL

NELSON VASCONCELOS

Se o jornal espanhol “El País” fosse criado hoje, provavelmente não seria em papel. Foi o que disse recentemente um diretor do próprio jornal, apontando que o futuro do mercado de notícias está na rede. E vão surgindo outros sinais dos tempos.

Segundo a consultoria eMarketer, o mercado americano deverá registrar, este ano, mais investimentos publicitários na internet do que nas rádios do país.É um marco. Diz a consultoria que os sites deverão captar cerca de US$ 21,7 bilhões,o que representa um aumento de 22% em relação a 2006. Muita coisa. Já as rádios ficariam com US$ 20,4 bilhões (aumento de 1,5%).

Não custa lembrar o que já foi comentado aqui: TV e rádio já são considerados velhas mídias por muita gente, especialmente entre os mais jovens — que é a parcela que interessa, quando pensamos em futuro.

Dizer que jornais vão morrer é blablablá. Vão tomar um rumo diferente e,para desgosto do ego do jornalistas mais à antiga, as publicações tradicionais
deixarão de ter a função central que hoje ocupam no coração da opinião pública,
como também disse o Juan Luis Cebrián, diretor do “El País” citado na primeira linha
da coluna.

Quer mais sinais da migração da mídia tradicional para a rede? Pois tem. Agora mesmo o grupo Time resolveu matar a revista “Business 2.0”, referência para o mercado de novas tecnologias durante muitos anos. A revista morreu por falta de anunciantes, claro. Está minguadinha, dá até pena. Tenho um exemplar dos áureos tempos, com mais de 300 páginas — a maioria, anúncios. Agora, partirá rumo ao além.

Por lá já estão publicações do mesmo tipo, como a “Industry Standard”, que chegou até a ter uma edição brasileira durante alguns meses, no ano 2000, mas saiu de circulação depois
que a bolha explodiu, assim como tanta gente boa.

O último número da “Business 2.0” sairá mês que vem. O site da revista continua na ativa, mas não se sabe até quando. A seguir o caminho de seus pares já falecidos, sei não...

Em tempo: o grande xis da questão é que ninguém sabe exatamente qual o modelo de negócios que vai vencer no mercado online de notícias. Daí a série de tentativas e erros que temos acompanhado nos últimos tempos. E o fim não está próximo.

Afinal, a participação do prezado leitor é cada vez mais necessária. Quem está
ligadíssimo nessa mudança,aliás, são as fabricantes de ferramentas de publicação,
como bem lembra um amigo da coluna. Veja-se o Me-On-TV, que permite ao usuário
publicar vídeos diretamente de celulares ou smartphones. É uma parceria entre a Ericsson, a Triple IT e a Endemol International. Endemol? Ela mesma, a dona do Big Brother.

Já viu onde isso vai parar, né?

Leia a integra da coluna Conexão Global no jornal O Globo (para assinjantes)

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