“Há algo de podre no reino da Dinamarca..."
No livro de Shakespeare (vejam os tempos que vivemos, mesmo o autor é hoje uma duvida) Hamlet, após fazer a constatação estampada acima, se finge de louco e parece não compreender o que se passa no Palácio. Assim age Hamlet para sobreviver.
Alguns senadores fazem igual, posando de vestais, particularmente quando um holofote generoso se ilumina na frente de seus rostos e um microfone "camarada" se oferece ao chavão circunstancial. Outros preferem o muro, ou o segredo protetor para evitar serem "linchados" ou intimidados.
A imprensa poderá, nos próximos dias, aportar uma luz sobre o cheiro que emana de algumas das insinuações reproduzidas pelo jornalista Noblat, como o fez com as aparentemente pouco cheirosas relações do senador Renan. Para que nenhuma acusação injusta possa desmoralizar o Senado como um todo.
In duvio pro reus, e isto vale para todos.
A não ser que ela também prefira fingir, como Hamlet. Nesse caso é bom lembrar que o personagem de Shakespeare consegue eliminar seu algoz, porem sai do combate mortalmente ferido pela espada envenenada do seu inimigo.
Do Blog do Noblat
Senadora Heloísa Helena. A senhora sonegou o pagamento de impostos em Alagoas. Deve mais de R$ 1 milhão. Tenho um documento aqui que prova isso. E nem por isso eu o usei contra a senhora - disparou Renan Calheiros ao se defender da tribuna do Senado pouco antes de ser absolvido pela maioria dos seus pares.
- É mentira, mentira - gritou a presidente do PSOL sentada no meio do plenário. Pouco antes, ela subira à tribuna para atuar como advogada de acusação.
Renan não deu bola para a reação de Heloísa. Em seguida, virou-se para Jefferson Perez (PDT-AM) e comentou:
- Veja bem, senador Jefferson Perez. Eu poderia ter contratado a Mônica [Veloso, ex-amante dele] como funcionária do meu gabinete. Mas não o fiz.
Perez nada disse. Ouviu calado.
Então foi a vez do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Renan disse olhando diretamente para ele:
- A Mônica Veloso tem uma produtora. Eu poderia ter contratado a produtora dela para fazer um filmete e pendurar a conta na Secretaria de Comunicação do Senado. Eu não fiz isso.
Simon ouviu calado.
Registre-se que o clima de intimidação dos senadores começou a ser criado logo no início da sessão quando discursou o senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Ele foi o primeiro a falar.
Duas pérolas produzidas por Dornellles:
- Crime tributário não é causa para quebra de decoro.
- Amanhã, isso pode ser usado contra os senhores. Porque muitos aqui têm problemas fiscais.
Dornelles foi secretário da Receita Federal no governo de João Figueiredo, o último general-residente da ditadura de 1964. E depois foi ministro da Fazenda do governo José Sarney.
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