terça-feira, 10 de julho de 2007

À sombra

ELIANE CANTANHÊDE

Folha de São Paulo (para assinantes)

BRASÍLIA - Lula finge que não é com ele, mas o PT dá sinais de já ter um candidato engatilhado para enfrentar o aparente favoritismo dos tucanos na eleição de 2008 para a Prefeitura de São Paulo. Aliás, não exatamente "um" candidato, mas sim uma candidata: Marta Suplicy.
Marta gosta do Turismo, está cheia de idéias, tem conversado com governadores e prefeitos e jura para amigos e assessores que não pensa -e não quer- concorrer.
Mas o problema não é ela querer ou não querer. É fazer o que o PT quiser. E o PT quer Marta candidata. Consta que ela assumiu o compromisso com Lula de que só assumiria o ministério se não fosse disputar em 2008, mas isso em política é o de menos. E, cá prá nós, Marta sempre foi mais fiel a Lula do que Lula a Marta. Tanto que ele jamais admitiu para ela, olho no olho, que preferia Aloizio Mercadante para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Mas preferia, tanto que o apoiou. E a própria ida dela para o Turismo foi um jogo de vai-não-vai.
Marta, pois, tem direito de sair, "para atender a pressões do partido". Com Lula sólido nos seus 60% de popularidade e reinando sozinho no PT e nos seus muitos partidos aliados, a única estrela reserva governista para a principal prefeitura do país, para o governo do Estado mais poderoso e até para a Presidência é Marta. Goste ou não Lula, que jamais conviveu bem com possíveis sombras e não tem o menor interesse em ter "presidenciáveis" desfilando por aí tão cedo. Marta é, seguramente, um deles.
Outro pode ser Dilma Rousseff, com fama de durona e competente.
Um terceiro seria Jaques Wagner, que fez bonito na Bahia, mas não tem fôlego para vôo tão ousado.
Por fora, há Ciro Gomes, a carta na manga de Lula. O PT tem arrepios só de pensar, mas quem é que manda, desmanda, pinta e borda com o PT? Lula. E é ele quem vai decidir o que é melhor para... seu próprio futuro. Duvido que seja Marta.

elianec@uol.com.br

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