Hillary concentra forças na Superterça
Senadora tenta mudar caminho de campanha e investe no 5 de fevereiro, quando mais de 20 Estados farão primárias
Ex-primeira-dama chega na frente nacionalmente, apoiada por primazia entre os superdelegados, que independem de primárias
DO "FINANCIAL TIMES"
Hillary Clinton deixou claro ontem que deposita suas esperanças de manter a vantagem nacional diante de Barack Obama na chamada "terça tsunami" (a Superterça), quando 22 Estados escolherão candidatos democratas à Casa Branca. Enquanto se preparava para o que -segundo pesquisas incorretamente indicavam antes da votação- seria uma possível derrota na primária de New Hampshire, ontem à noite, a ex-primeira-dama declarou acreditar que "o processo de indicação se encerra à meia-noite de 5 de fevereiro".
Hillary também indicou que pretende usar os 18 dias que a separam da primária da Carolina do Sul para "aprofundar" o contraste entre ela e Obama. "Sempre chega o momento em que as gentilezas se esgotam", ela disse. Em um sinal de como Hillary planeja tornar mais aguçada a sua mensagem, o ex-presidente Bill Clinton descreveu a campanha de "esperança" e "mudança" de Obama como "um conto de fadas" e acusou a mídia de engolir a mensagem sem visão crítica.
Hillary, que esteve perto de chorar em público na noite de segunda-feira, também planeja um esforço mais agressivo para levar às urnas as mulheres democratas, tradicionalmente seu eleitorado mais forte.
Mas, enquanto alguns sentiam simpatia pela rara demonstração de vulnerabilidade de Hillary, outro candidato democrata, John Edwards, disse que o público quer "um comandante-em-chefe inflexível".
Mudanças
A campanha de Clinton não está confiante quanto a uma vitória na Carolina do Sul, onde cerca de metade dos eleitores democratas registrados é negra. As esperanças são maiores em Nevada, que terá primárias na semana que vem.
Mas o foco real, disseram assessores de Hilllary, será o dia 5 de fevereiro. Ao contrário da primária de New Hampshire, que permite participação dos eleitores independentes, muitos dos Estados que votam em 5 de fevereiro admitem apenas o voto de eleitores registrados de cada partido.
Os Estados maiores enviam mais delegados à convenção democrata do que New Hampshire, Iowa e Carolina do Sul combinados.
"Hillary continua na liderança entre os eleitores democratas registrados de todo o país", disse um assessor de sua campanha. "Se a onda pró-Obama se moderar antes de 5 de fevereiro, teremos forte chance de ganhar a indicação." Surgiram fortes sugestões, ontem, de que Hillary demitiria Mark Penn, o principal estrategista de sua campanha e formulador da estratégia de "inevitabilidade" da indicação da candidata, que dá sinais de fragilidade. Mas os assessores de Clinton também aconselharam contra uma reforma abrupta no comando da campanha.
Superdelegados
Hillary ainda tem uma forte vantagem sobre Obama: a supremacia entre os chamados superdelegados, membros do Partido Democrata que votam na convenção nacional independentemente dos resultados das primárias.
Para ganhar a indicação, um candidato precisa levar 2.025 votos na convenção, em agosto, e os superdelegados garantem 796 votos. Até agora, segundo a análise da CNN, a senadora obteve a lealdade de 154 superdelegados, contra 50 de Obama e 33 de John Edwards.
O apoio professado a Hillary por políticos como Jon Corzine, governador de Nova Jersey, Eliot Spitzer, governador de Nova York, e dez senadores é mostra de que ela ainda é a candidata do establishment.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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