segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Coronéis da PM protestam e grupo vaia Serra em festa

Sem foto e com muita discrição o jornal O Estado de São Paulo noticia o clima de revolta existente na PM paulista contra o governador José Serra e seu predecessor, Geraldo Alckmin. A Folha de São Paulo ainda não tomou conhecimento e talvez ignore o fato, silêncio raramente encontrado quando se trata de algum governante do PT, para não falar em Lula. Mas a notícia vai além de uma simples manifestação de mau humor e mexe com uma corporação com papel relevante na questão que mais preocupa os cidadãos, a segurança pública. LF


Marcelo Godoy - O Estado de São Paulo

Um grupo de 260 coronéis da Polícia Militar de São Paulo publicou anteontem uma carta chamando a política salarial do governo de “grande armadilha” ao conceder “falsas gratificações em vez de aumentos de salário”. Entre os signatários do documento dos Clubes de Oficiais e de Oficiais da Reserva da PM está o coronel Alberto Rodrigues, ex-assessor do governador José Serra (PSDB) na Prefeitura e outros sete ex-comandantes-gerais.

No mesmo dia, Serra foi vaiado na solenidade de formatura de cadetes da Academia de Oficiais do Barro Branco, na capital. A assessoria do governador informou que as vaias foram feitas por um “grupo orquestrado de pessoas que tem promovido manifestações nas solenidades da PM”. Oficiais ouvidos pelo Estado disseram que a gota d’água para as vaias foi “o atraso de 1h30 do governador na solenidade”, que marcava ainda o 176º aniversário da PM. Afirmaram que ele devia chegar às 10 horas, mas apareceu às 11h30.

Segundo a assessoria do governador, não houve atraso. Serra havia informado o cerimonial que chegaria às 11h30. Quando o nome dele foi anunciado houve uma vaia. Uma segunda vaia ocorreu quando o governador foi chamado para entregar o espadim ao cadete primeiro colocado na turma. Dessa vez, alguns oficiais tentaram encobrir as vaias com aplausos.

Oficiais entrevistados pelo Estado contaram que a insatisfação começou quando o então governador Geraldo Alckmin decidiu só reajustar as gratificações pagas aos oficiais da ativa. Com a exclusão da reserva, criou-se outro problema. Tenentes-coronéis da ativa deixaram de pedir passagem para a reserva para não perder até R$ 2,5 mil em gratificações. A permanência deles bloqueou as promoções na carreira. Antes um oficial levava 25 anos para chegar a tenente-coronel, penúltimo degrau da carreira. Hoje, há oficiais que com 25 anos de PM ainda são capitães.

A Secretaria da Segurança informou que, de 2002 a 2007, os policiais ganharam aumentos de até 65% acima da inflação. Este ano, o governo mudou a política salarial e incorporou uma gratificação aos salários, além de acabar com parte das distorções na gratificação de localidade, o que criou um gasto extra de R$ 500 milhões.

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