Ganhei meu dia
Primeiro, porque voltando do cinema encontrei um post de Sylvia que disse:
Segundo, porque quebrando uma reticência para com tudo o que é muito badalado na mídia, assisti ao "Tropa de Elite", o filme que não foi escolhido para representar o Brasil no Oscar do estrangeiro em Hollywood.
A Globo gostou do filme, eu não. Os estereótipos, de qualquer espécie, me resultam indigestos e essa estória de bandidos e mocinhos made in favela do Rio -mesmo bem filmada- é primária.
PM corrupta, pacifistas idiotas úteis (logicamente maconheiros) e BOPE puro -na purificação redentora do extermínio do mal- parece série B ou novela da Globo (com mais violência e menos sexo, ponto para a... novela).
A moral da estória (se moral há, tenho dúvidas) é que só a violência é pura quando empregada para fazer o bem (eliminar o tráfico). Os policiais corruptos são eliminados pela violência da escolha da elite. O BOPE é brutal na seleção, brutal nas marchas que acompanham o treinamento, brutal no trato de todas e todos os que não representam a missão purificadora. A tortura é o instrumento redentor, permitindo a progressão da "salvação" no interior da favela. A escória é eliminada. O "herói" se robotiza na função exterminadora, preparando um mundo limpo para seu filho.
Simbolicamente os responsáveis do "sistema", que fazem a força do tráfico, são os consumidores da classe média, que ao mesmo tempo com suas ONGs sociais e suas marchas pacifistas preservam o poder dos marginais.
Ganhei meu dia, porque assistir ao filme me permitiu entender porque a Globo gostou.
E entender, me faz sentir que o dia valeu a pena. Porque gosto da frase do filósofo Spinoza: "Nem rir, nem chorar, mas compreender".
Luis Favre
A voracidade de seu blog me surpreendeu.
A quantidade, a diversidade e a qualidade das informações deram um nó na minha cabeça, acostumada a olhar o mundo pelo buraco de uma fechadura.