Inovar ou Inovar
Pão de queijo tecnológico
Você sabia que, há quinze anos, fabricantes mineiros de pão de queijo tentaram congelar sua massa para fazer um negócio praticamente caseiro ganhar o mundo. Não deu certo. Descobriram que o processo de congelamento impedia que o pãozinho de queijo saísse do forno corado e fofinho. E sem ser corado e fofinho o negócio não iria cruzar as fronteiras do Estado. Apelaram então, veja você, para a inovação tecnológica. Um grupo de pesquisadores de tecnologia de Farmácia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com o apoio de outras escolas mineiras, buscou no laboratório a solução para o problema. Surgiu então uma nova receita do tradicional pão de queijo mineiro, com um fermento especial e uma mistura de polvilho doce e azedo. Deu certo.
Resultado. A nova receita permitiu o surgimento de mais de 400 empresas ligadas ao ramo, com a criação de mais de 8 mil pontos de venda só no Brasil. E o negócio do pão de queijo ganhou o mundo, registrando um ritmo de crescimento de 100% nos Estados Unidos, Argentina, Canadá, França e Espanha.
A história acima, de uso de inovação tecnológica num negócio tradicional, ilustra a abertura do livro "Inovar ou Inovar", do economista Glauco Arbix, professor da USP e ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no primeiro mandato do presidente Lula. Glauco diz que poderia ter aberto o livro com histórias de inovação tecnológica sofisticadas desenvolvidas no Brasil por empresas como Petrobras, Embraer, Weg e Vale do Rio Doce. Preferiu o caso do pão de queijo para mostrar que um pequeno passo inovador pode representar um grande salto num determinado setor. O que dirá em outros mais sofisticados. O livro de Glauco Arbix disseca o tema inovação tecnológica num momento em que o Brasil começa a despertar para o tema. Sem ela, dificilmente o Brasil terá condições de dar o salto de qualidade que necessita para manter um crescimento sustentável de sua economia. Uma boa leitura.
Leia a integra da Pensata de Valdo Cruz aqui
Valdo Cruz, 46, é repórter especial da Folha. Foi diretor-executivo da Sucursal de Brasília durante os dois mandatos de FHC e no primeiro de Lula. Ocupou a secretaria de redação da sucursal e atuou como repórter de economia. Escreve às terças. E-mail: valdo@folhasp.com.br |
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