domingo, 14 de outubro de 2007

Inovar ou Inovar

Pão de queijo tecnológico

Você sabia que, há quinze anos, fabricantes mineiros de pão de queijo tentaram congelar sua massa para fazer um negócio praticamente caseiro ganhar o mundo. Não deu certo. Descobriram que o processo de congelamento impedia que o pãozinho de queijo saísse do forno corado e fofinho. E sem ser corado e fofinho o negócio não iria cruzar as fronteiras do Estado. Apelaram então, veja você, para a inovação tecnológica. Um grupo de pesquisadores de tecnologia de Farmácia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), com o apoio de outras escolas mineiras, buscou no laboratório a solução para o problema. Surgiu então uma nova receita do tradicional pão de queijo mineiro, com um fermento especial e uma mistura de polvilho doce e azedo. Deu certo.

Resultado. A nova receita permitiu o surgimento de mais de 400 empresas ligadas ao ramo, com a criação de mais de 8 mil pontos de venda só no Brasil. E o negócio do pão de queijo ganhou o mundo, registrando um ritmo de crescimento de 100% nos Estados Unidos, Argentina, Canadá, França e Espanha.

A história acima, de uso de inovação tecnológica num negócio tradicional, ilustra a abertura do livro "Inovar ou Inovar", do economista Glauco Arbix, professor da USP e ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no primeiro mandato do presidente Lula. Glauco diz que poderia ter aberto o livro com histórias de inovação tecnológica sofisticadas desenvolvidas no Brasil por empresas como Petrobras, Embraer, Weg e Vale do Rio Doce. Preferiu o caso do pão de queijo para mostrar que um pequeno passo inovador pode representar um grande salto num determinado setor. O que dirá em outros mais sofisticados. O livro de Glauco Arbix disseca o tema inovação tecnológica num momento em que o Brasil começa a despertar para o tema. Sem ela, dificilmente o Brasil terá condições de dar o salto de qualidade que necessita para manter um crescimento sustentável de sua economia. Uma boa leitura.

Leia a integra da Pensata de Valdo Cruz aqui

Valdo Cruz Valdo Cruz, 46, é repórter especial da Folha. Foi diretor-executivo da Sucursal de Brasília durante os dois mandatos de FHC e no primeiro de Lula. Ocupou a secretaria de redação da sucursal e atuou como repórter de economia. Escreve às terças.

E-mail: valdo@folhasp.com.br

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