domingo, 16 de dezembro de 2007

'O PT é bucha de canhão do governo'


Candidato à presidência do PT, Jilmar Tatto diz que legenda tem a sensação de quem ‘ganhou, mas não levou’ O Estado de São Paulo

Depois de conquistar mais de 60 mil votos no primeiro turno da eleição interna do PT, o deputado Jilmar Tatto (SP) afirma que a nova direção da legenda deve ter como principais bandeiras a candidatura própria em 2010 e o fortalecimento do partido na relação com o governo federal. Tatto avalia que o PT se transformou na “bucha de canhão” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Tudo quanto é problema o PT defende, o PT está lá, é o principal partido da coalizão,que dá sustentação ao governo”, afirma o deputado. “Mas a sensação que nós temos é de quem ganhou e não levou.”

CANDIDATURA PRÓPRIA

“Eu acredito que será uma traição ao povo brasileiro e à militância do PT se a nossa direção não reivindicar e colocar como questão de princípio uma candidatura do PT para disputar 2010. A razão principal é que mudança, no Brasil, é com o PT. Foram 27 anos que nos transformaram no principal partido do País. Temos que exercer essa autoridade sobre nossos aliados. Isso se faz com diálogo, mas o tamanho faz diferença na política.”

ELEIÇÕES 2008

“A estratégia tem que ser a do fortalecimento do PT, lançando candidaturas próprias onde for possível e, onde não for, ter uma influência no programa. Segundo, temos que discutir um programa para a disputa municipal que inclua a defesa do governo Lula, o fortalecimento do movimento social, a democratização do Estado, com orçamento participativo.”

POLÍTICA DE ALIANÇAS

“Acho que a base das coligações em 2008 deve seguir o que acontece no governo federal. Mas você tem alguns municípios onde isso é impossível, tem que discutir caso a caso. Em São Paulo, por exemplo, eu sou contra discutir uma aliança com o Maluf. E o PP está na base do governo. Em tese, acho que as alianças têm que ocorrer preferencialmente dentro da base. Mas acho que devemos tirar, por exemplo, uma decisão política de não fazer alianças com PSDB e PFL (atual DEM).”

PRÉVIAS

“Nós temos um histórico no partido de democracia de prévias que já é muito tranqüilo. Na medida do possível, tem de haver diálogo, fazer pesquisas, verificar qual o melhor nome. Não havendo consenso, realizam-se as prévias. A militância decide quem é o candidato do PT.”

RELAÇÃO DO PT COM GOVERNO

“Precisa aperfeiçoar essa relação. Eu considero que o PT não está sendo tratado com carinho em relação ao governo federal. O PT é a bucha de canhão. Tudo quanto é problema o PT defende, o PT está lá, é o principal partido da coalizão,que dá sustentação ao governo. Mas a sensação que nós temos é de quem ganhou e não levou. O PT tem perdido espaço, do ponto de vista político. A próxima direção tem que ter uma relação institucional com o governo, não de pessoas, de correntes.”

NOVO DIRETÓRIO DO PT

“Acredito que esta seja uma direção mais de centro. Acho que é possível, desde que a gente consiga montar uma Executiva consensual, sem conflitos - por isso eu defendo que o secretário-geral e o tesoureiro não sejam da mesma chapa do presidente -, podemos retirar tensões da direção do PT. Acho que temos que criar mecanismos internos para que a direção aprimore a forma de conduzir a política do PT e, ao mesmo tempo, sinalize para a sociedade, para a militância, para o movimento social, que o PT está mudando.”

DISPUTA INTERNA

“Precisamos de uma direção mais democrática e o presidente é fundamental nesse processo. Acho que tenho mais condições de fazer esse trabalho que o Ricardo Berzoini. Primeiro, ele já está naturalmente desgastado, por já estar no comando do partido. E as forças políticas que me apóiam, evidentemente, me ajudam a ter condições, internamente, de unificar o PT. Em função desse esgotamento que vemos na chapa Construindo um Novo Brasil.”

DEBATE ÉTICO

“Neste primeiro turno, tivemos 53% dos filiados do PT que votaram pela mudança, que votaram por alguma forma de renovação. E dentro dessa renovação, obviamente, está a questão dos métodos, da forma de dirigir o PT, da criação de um código de ética que seja uma construção coletiva, para evitar inclusive erros cometidos no passado, cometidos por integrantes do antigo Campo Majoritário. Essa questão está colocada e temos que tratar como prioridade a questão do comportamento ético dos dirigentes, deputados e filiados. Está na ordem do dia e compete à nova direção fazer essa discussão.”

APOIOS

“Acho que os apoios (de lideranças da Mensagem ao Partido a Berzoini) são legítimos, eu respeito. Aqueles que defendem Berzoini são os que defendem a continuidade. Acham que as coisas têm que ficar como estão. Mas quem acha que tem que ter renovação, vai votar em mim. Agora, a característica que vemos é muito chapa branca. Muito ministro apóia o Berzoini. Os grupos que me apóiam são militantes, de base.” C.O.

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