domingo, 16 de dezembro de 2007

'Nosso centro será eleição de 2008'


Candidato a mais um mandato de presidente do PT, Ricardo Berzoini diz que disputa ajudará a unificar a sigla

Clarissa Oliveira - O Estado de São Paulo

Atual presidente do PT e candidato à reeleição, o deputado Ricardo Berzoini (SP) acredita que a eleição municipal do ano que vem entrará na pauta do partido assim que a nova direção for escolhida. Para ele, esse quadro contribuirá para unificar as tendências da legenda e amenizar o clima de disputa que se formou nos últimos meses. “Passada a eleição interna, nosso centro vai ser a eleição municipal de 2008. Com isso, a tendência de unidade interna e de soma de esforços é muito grande”, afirma o parlamentar.

CANDIDATURA PRÓPRIA

“O PT não tem a obrigação política de fazer isso, mas tem todas as condições. E, na minha opinião, terá candidato próprio em 2010. O PT tem razões suficientes para se preparar para isso e construir essa candidatura. Não há nenhum motivo para o PT supor que possa abrir mão de um direito que é de todos os partidos e que muito menos um partido do porte do PT pode abrir mão.”

ELEIÇÕES 2008


“Defendo que o PT, nacionalmente, oriente uma política de alianças, mas que olhe com muito cuidado o debate de cada Diretório Estadual, de cada Diretório Municipal. O Brasil não é homogêneo. Nem na economia, nem na área social, nem na política. Portanto, tendo uma linha geral como orientação, é obrigação nossa interagir com diretórios regionais para avaliar eventuais exceções.”

ALIANÇAS

“Claro que nossa prioridade de alianças é com partidos de esquerda, além de todos os partidos da base do governo Lula. Mas isso não exclui, por exemplo, em cidades onde tenhamos situações políticas específicas que levem a frentes mais amplas, o PT se recusar a participar, quando tiver evidentemente razão para isso.”

PRÉVIAS

“O PT tem uma regra estatutária, que é: onde não tem acordo, tem prévia. Vamos, na primeira reunião do ano, fazer a orientação de prazos para prévias. Mas vamos evitá-las onde for possível, pois são sempre um elemento de tensão e desgaste. Vamos trabalhar para entrar em acordo na imensa maioria das cidades, com destaque, evidentemente, para cidades que têm maior influência nacional.”

RELAÇÃO DO PT COM GOVERNO

“O PT, normalmente, é criticado, seja por estar excessivamente ligado ao governo, ou por apresentar propostas diferentes das do governo. A crítica vem dos dois lados. O que temos que fazer - e não é decisão do presidente do PT, é decisão da Direção Executiva - é combinar a solidariedade com um governo que é nosso, que nós avaliamos que tem um papel importante para o Brasil, com a crítica necessária e inteligente. Ou seja, não fazer críticas a esmo ou, antes de fazê-las publicamente, fazê-las reservadamente ao governo. E de outro lado discutir as linhas políticas partidárias que não precisam de nenhum tipo de aval do governo.”

NOVO DIRETÓRIO DO PT


“O PT sempre vai ser um partido complexo para dirigir. O que temos hoje que me anima muito, a despeito das críticas públicas na campanha, é um ambiente de cooperação muito grande na Executiva. Fico muito feliz com as últimas reuniões da comissão que, mesmo durante uma eleição, foram todas tratadas com muita responsabilidade por todos os dirigentes, sem exceção. Não houve tentativa de transferir a disputa eleitoral para dentro da Executiva, para dentro do Diretório.”

DISPUTA INTERNA


“Passada a eleição interna, nosso centro vai ser a eleição municipal de 2008. Com isso, a tendência de unidade interna e de soma de esforços é muito grande. Vi isso na campanha do Lula. Mesmo nas campanhas estaduais, as pessoas deixam um pouco de lado as disputas de regiões e Estados para pensar em fazer o PT crescer. E, de certa forma, conquistamos esse ambiente. O fato de hoje não termos maioria é um fator de estabilidade no partido. Propicia a idéia de que ninguém tem um rolo compressor pronto para ser exercido. Tudo tem que ser discutido e conquistado no debate. É bom para o partido, não é ruim.”

DEBATE ÉTICO


“O debate da crise está, digamos, parcialmente superado, mas não totalmente superado. Precisamos ter muita atenção com os ensinamentos que a crise nos trouxe. Acho que precisamos ter a sensibilidade de ver que esse Processo de Eleições Diretas do PT é complexo mesmo, é difícil.”

APOIOS

“No primeiro turno, eles (a Mensagem ao Partido) apresentaram uma candidatura com o objetivo de atingir uma determinada meta. Mas, ao mesmo tempo, sempre teve um reconhecimento do trabalho que a gente fez. Fico feliz porque, num ambiente eleitoral, a existência desse reconhecimento mostra, primeiro, a grandeza dos adversários. E mostra também que no PT não vale tudo em uma eleição. Pode-se também reconhecer os méritos.”

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