sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Crescimento da produção surpreende em outubro

Cibelle Bouças - Valor

O vigor da atividade econômica surpreendeu em outubro. As previsões mais otimistas foram superadas e a expectativa dos analistas é que a produção industrial a ser divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na próxima semana aponte um aumento entre 8% e 10% sobre outubro de 2006 e uma alta entre 1,3% e 2,6% sobre o resultado de setembro. Esta expectativa levou analistas a projetarem para o ano um crescimento na produção industrial brasileira superior a 5,5%, o melhor resultado desde 2004, quando o crescimento ficou em 8,3%.


O ABN Amro Real projeta para o ano crescimento de 6,2%, tendo como base a estimativa de um crescimento industrial de 5,9% entre janeiro e outubro. Para outubro, o banco estima que tenha havido um crescimento de 10,2% (ou de 2,5% na comparação dessazonalizada com o mês de setembro). O cenário traçado, afirma Zeina Latif, economista-chefe do banco, levou em consideração o crescimento das importações de bens de capital registrado em outubro e a retomada na produção de bens intermediários, após um fraco desempenho em setembro. "O varejo registra um crescimento forte, as importações e a produção de bens de capital aumentam. A tendência é de retomada na produção", diz.


A economista também observa que este será o quarto ano consecutivo de crescimento na produção industrial - em 2006 foi de 2,8%; em 2005, de 3,1%; e em 2004, de 8,3%. "É uma seqüência de crescimentos razoáveis com aceleração no fim do ano. Em um contexto de redução dos ganhos com exportação por conta do câmbio, esse desempenho comprova que a demanda interna está mais forte", afirma Zeina.


A LCA Consultores estima para o ano crescimento na produção industrial de 5,8%, 0,2 ponto percentual acima da estimativa feita em outubro. O resultado é sustentado pelo bom desempenho nos setores automotivo e de bens de capital. Bráulio Borges, economista da consultoria, observa que a cadeia automotiva responde por quase 20% da produção industrial e a previsão é que as vendas para o mercado interno em 2007 sejam 27% maiores que no ano passado. "O desempenho do setor automotivo, sobretudo em outubro, foi muito forte e é o que explica a surpresa no setor industrial", afirma Borges. Ele pondera que os investimentos na formação de capital fixo também superaram expectativas, com incremento de 12% no ano, ante previsão inicial de 10%.


No mês de outubro o crescimento é estimado em 8,2%, comparado a igual mês de 2006, e em 1,3% na comparação dessazonalizada com setembro. O cálculo da LCA baseou-se na avaliação de indicadores antecedentes da produção industrial, como o consumo de energia, importações de matéria-prima e expedição de papel ondulado (ver gráfico).


Para 2008, a LCA prevê crescimento menor na produção industrial, de 4,6%, também em função do desempenho do setor automotivo, deverá crescer 11% em vendas no país, 16 pontos percentuais abaixo do registrado neste ano, segundo Borges. A taxa de juros (Selic) é projetada em 9,75% no fim de 2008, ante 11,25% neste ano.


A Tendências Consultoria também projeta para 2008 desaceleração na produção industrial, com crescimento de 4%, ante 5,5% neste ano, afirma a economista Marcela Prada. "A tendência para 2008 é de que haja desaceleração na geração de renda e na disponibilidade de crédito", diz. A consultoria projeta aumento de 4,4% no PIB do próximo ano, ante crescimento de 4,8% em 2007. Em outubro, o incremento é estimado em 9,3%, ou 1,9% sobre setembro (com ajuste sazonal). Um dos indicadores avaliados foi o aumento de 27% na arrecadação de IPI no país em outubro.

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