governo Lula: País tem resultados melhores entre emergentes que formam os Brics
O Globo
China e Índia estão abaixo na lista. Rússia, em posição melhor, teve queda no IDH
Martha Beck e Demétrio Weber
BRASÍLIA. O Brasil foi o país que teve melhores resultados no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre os Brics — bloco de nações emergentes cujas economias têm potencial para dominar o mercado mundial em meados deste século. Embora tenham registrado crescimento no IDH superior ao brasileiro nos últimos 15 anos, Índia e China ainda estão bem abaixo no ranking. Enquanto o Brasil ocupa a 70aposição, a China está na 81ª, e a Índia na 128ª Já a Rússia está numa colocação melhor que a brasileira (67aposição), mas registrou queda no IDH. A mesma vantagem, porém, não é encontrada quando a comparação se dá com os vizinhos da América do Sul.
Enquanto o índice brasileiro relativo a 2005 foi de 0,800 (alta de 10,65% sobre 1990), no mesmo período, o da Rússia foi de 0,802 (queda de 1,6%), o da China, de 0,777 (alta de 22,56%), e o da Índia, de 0,619 (alta de 18,81%). Mantido o ritmo, porém, a médio prazo os asiáticos podem ultrapassar o país.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que o Brasil está em melhor posição do que seus companheiros nos Brics e enumerou desafios para o próximo século: — Nós temos a China, com 1,3 bilhão de habitantes, que precisa incluir 1 bilhão na cidadania.
Nós temos a Índia, com 1 bilhão de habitantes, precisando incluir 700 milhões na cidadania.
Arrumar trabalho, escola, alimento, tudo isso é um desafio para o século XXI.
Em artigo para o relatório, Lula defende etanol Mesmo assim, o Brasil ainda é o mais desigual do grupo. A renda dos 20% mais ricos é 21,8 vezes maior que a renda dos 20% mais pobres. Na China, essa relação é de 12,2 vezes, na Rússia, de 7,6, e na Índia, de 5,6.
No entanto, o Brasil apresenta melhores indicadores de pobreza e de saneamento em relação a China e Índia.
Quando se considera o Índice de Pobreza Humano — que combina diversos indicadores essenciais à qualidade de vida — o Brasil vê em condições degradantes 9,7% da população, contra 11,7% na China e 31,3% na Índia. Já a taxa de saneamento brasileira está em torno de 75%, enquanto a indiana é de 33% e a chinesa, de 44%.
Outro sinal da desigualdade está nas taxas de mortalidade infantil e materna. No Brasil, a mortalidade entre menores de 5 anos é de 33 por mil nascidos.
Mas entre os 20% mais pobres esse número sobe para 99. Já a taxa de mortalidade materna é de 110 para cada 100 mil nascimentos, contra em torno de 20 a 30 nos demais países.
Pelo segundo ano consecutivo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve participação especial no Relatório de Desenvolvimento Humano. No seu artigo, enumerou os esforços brasileiros para minimizar as alterações climáticas, criticou os programas de subsídios aos biocombustíveis americano e europeus e pediu a redução das tarifas de importação do etanol brasileiro.
Para ele, “o Brasil está preparado para apoiar esforços de países em desenvolvimento para identificar fontes viáveis de energia alternativa”. Seu artigo aparece ao lado de autores como o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-moon, e o bispo sul-africano Desmond Tutu (prêmio Nobel em 1984).
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