'NYT': Tupi pode mudar política na AL
Jornal vê Brasil capaz de fazer contraponto à Venezuela
Com o barril do petróleo quase em US$ 100, a descoberta do campo de Tupi tem o potencial de transformar o Brasil em uma força global de energia e redefinir as políticas em um continente faminto por energia, afirmou o “New York Times” em reportagem publicada ontem. A reserva, estimada entre cinco bilhões e oito bilhões de barris, é a maior descoberta desde uma no Cazaquistão, em 2000.
“Nos próximos cinco anos, pode-se imaginar as reservas totais do Brasil ultrapassando México e Canadá, perdendo apenas, nas Américas, para Venezuela e Estados Unidos”, afirmou o jornal. Para Peter Hakim, presidente do centro de estudos Inter-American Dialogue, especializado em América Latina, o Brasil está se tornando uma potência energética.
O “Times” fez um contraponto entre o Brasil e seus vizinhos Bolívia e Venezuela. Nesta, “para desgosto dos Estados Unidos”, Hugo Chávez tem usado os recursos do petróleo para implantar uma agenda de esquerda, em seu país e em outros. “O campo de Tupi tem agora potencial para dar mais peso à abordagem de esquerda do Brasil, que é mais moderada”, afirmou o “Times”. O jornal observou que isso já provocou reações, com Chávez chamando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “magnata do petróleo”.
Segundo o “Times”, a descoberta também é uma boa notícia para Argentina e Chile, que enfrentaram problemas de energia no inverno nos dois últimos anos.
O jornal citou até duas charges de Chico Caruso em O GLOBO: uma no dia seguinte ao anúncio da descoberta, com Lula tomando banho de sol em cima de um jorro de petróleo, e depois jogando óleo no presidente boliviano, Evo Morales, com a legenda: “Lula lá, cheio de gás: cuidado Morales!”.
Mas, ressalta o “Times”, o campo de Tupi, por estar em águas profundas, representa um desafio tecnológico. “Esse petróleo é para o futuro”, disse ao jornal Larry Goldstein, diretor da Fundação de Pesquisa de Política Energética, em Washington. “Se eu fosse Chávez, não perderia o sono — não agora.”
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