quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Mulheres ainda sofrem com preconceito


BUENOS AIRES. Num país onde os dois principais candidatos à Presidência da República nas próximas eleições são mulheres — a primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner e a líder da Coalizão Cívica, Elisa Carrió — é no mínimo inusitado o resultado de duas pesquisas de opinião publicadas ontem na imprensa argentina. Segundo uma das enquetes, um terço dos eleitores do país disse que jamais votaria numa mulher para presidente. Já uma outra indica que apenas 46% dos entrevistados acreditam não haver preconceito machista entre os argentinos.

Para o pesquisador Jorge Giaccobe, no entanto, há o que se comemorar: há 14 anos, quando a enquete sobre voto em mulheres começou a ser feita, 74% dos eleitores se negavam a votar nelas para cargos públicos.

Segundo o Centro de Opinião Pública da Universidade de Belgrano, para 74% dos eleitores consultados, existem características que diferenciam uma candidata de um candidato. As mulheres seriam melhores na hora de demonstrar sua inteligência, mais pacientes para tolerar conflitos e para aproveitar as qualidades que possuem por serem mães. Paralelamente, a pesquisa mostrou que para muitos argentinos as candidatas mulheres são mais inseguras na hora de transmitir suas idéias, pagam o custo de abandonar a família e têm menos personalidade.

Em seus discursos, tanto a primeira-dama como a candidata opositora buscam evitar atitudes feministas. No entanto, a pesquisa divulgada ontem mostrou que para muitos argentinos as candidatas mulheres falam em questões como a integração da mulher, a importância dos valores morais e pessoais.

Em agosto passado, quando lançou sua chapa presidencial, a primeira-dama argentina defendeu a chegada das mulheres ao poder. Ao ouvir que seus seguidores gritavam “Cristina presidente”, a candidata respondeu: — Presidenta, podem ir se acostumando. (Janaína Figueiredo para O Globo)

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