terça-feira, 16 de outubro de 2007

Exame de sangue aponta propensão ao Alzheimer

Método desenvolvido na Califórnia analisa proteínas sangüíneas e indica com 90% de exatidão se a pessoa desenvolverá a doença


Da Redação - Correio Braziliense
AP Photo/Rick Bowmer - 18/6/07
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Cientistas norte-americanos anunciaram a descoberta de um exame de sangue capaz de identificar, com até seis anos de antecedência, o surgimento do mal de Alzheimer num indivíduo. A doença degenerativa, que leva à perda gradual de memória, locomoção e capacidade de raciocínio, só é determinada atualmente pela exclusão de outras possíveis disfunções que provocam lapsos mentais. O estudo, liderado por Tony Wyss-Coray, professor da Universidade de Stanford, na Califórnia, testou o sangue de 249 pessoas — entre indivíduos saudáveis, com sintomas prematuros do Alzheimer ou nos estágios avançados da doença.

Os pesquisadores analisaram 120 proteínas encontradas no plasma sangüíneo que funcionam como mensageiros químicos entre células do sangue, do cérebro e do sistema imunológico. Os participantes da pesquisa que eram portadores do mal de Alzheimer e os que acabaram por desenvolver a doença poucos anos depois do exame apresentaram uma concentração elevada de 18 proteínas. “Do mesmo modo que um psiquiatra pode deduzir muitas coisas escutando as palavras de um paciente, ‘escutando’ diferentes proteínas podemos ver que algo não funciona com as células”, disse Wyss-Coray. “Nossa hipótese é de que há algo errado com a produção de certas células sangüíneas supostamente necessárias para a limpeza da substância que se acumula no cérebro de quem sofre de Alzheimer”, acrescentou o especialista.

O estudo, publicado no domingo na revista Nature Medicine, apresentou um surpreendente índice de 95% de exatidão no diagnóstico do mal de Alzheimer. O exame de sangue também se mostrou eficiente na identificação de indivíduos que desenvolveriam a doença. Para obter esses resultados, os cientistas estocaram as amostras de sangue de 47 pessoas com leve perda de memória. O grupo foi acompanhado por um período de dois a seis anos. Cerca de 90% dos casos de desenvolvimento posterior da doença, dentre as pessoas analisadas, foram identificados pelo exame.

Segundo o médico Sam Gandy, presidente do Conselho Médico e de Assessoramento da Associação do Alzheimer, a pesquisa estimulará a busca por tratamentos capazes de prevenir ao máximo o mal antes de seu aparecimento. De acordo com Patrick Lynn, presidente da Satoris Biomakers for Neurology, instituto científico que participou do estudo, o exame de sangue deverá ser introduzido nos centros de pesquisa até 2008. No entanto, para ser validada, a pesquisa ainda deve ser repetida por outros laboratórios independentes. Ainda não foi descoberta a cura para o mal de Alzheimer, que atinge mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, a aplicação precoce de medicamentos reduz os danos neurológicos.

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