sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mais de US$ 2 trilhões viraram pó nas bolsas de EUA e América Latina

Bruno Rosa, O Globo - Globo Online

RIO - O temor de que a crise no mercado de crédito imobiliário dos Estados Unidos atinja a economia real já varreu do mapa US$ 2,027 trilhões (ou R$ 4,114 trilhões) nas bolsas da América Latina e dos Estados Unidos desde o dia 19 de julho. Dados da empresa de consultoria Economática indicam que 316 empresas brasileiras da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perderam US$ 273,6 bilhões, o equivalente a R$ 571 bilhões, em valor de mercado até esta quinta-feira. Já as 1.204 empresas das bolsas de valores do Estados Unidos viram desaparecer pelo ralo cerca de US$ 1,612 trilhão (ou R$ 3,272 trilhões). No México, segundo mercado mais importante da América Latina, as perdas chegaram a US$ 383 bilhões (ou R$ 777 bilhões).

De acordo com a Economática, as 775 empresas dos sete principais mercados da América Latina (México, Venezuela, Colômbia, Peru, Chile, Argentina e Brasil) apresentaram queda total de US$ 415 bilhões (ou R$ 842,4 bilhões).

As cinco maiores empresas americanas (Exxon Mobil, General Electric, Microsoft, Citigroup e Chevron Texaco) acumulam quedas de US$ 190,1 bilhões entre os dias 19 de julho e 15 de agosto. O valor, ressalta a Economática, é maior que o da maioria dos emergentes latinos.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) viveu um dia de pânico nesta quinta-feira, acompanhando o caos nos mercados internacionais. O Índice Bovespa chegou a registrar perda de 8,71%, mas se recuperou no fim do dia e fechou em baixa de 2,58%, atingindo 48.016 pontos. O volume financeiro chegou a R$ 8,392 bilhões, acima da média diária. O dólar, por outro lado, subiu forte e bateu R$ 2,12 para terminar a sessão a R$ 2,093, em alta de 3,05%, no maior valor desde 16 de março.

O caos nos mercados foi provocado pela divulgação de mais notícias sobre o agravamento da crise do setor de crédito americano levaram os mercados do mundo todo a desabar ( Entenda a crise imobiliária americana ).

Ao comentar a crise que vem sacudindo os mercados mundiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil está se comportando com tranqüilidade.

- Aprendi desde cedo que é preciso cuidar muito bem do salário. Fizemos o mesmo com a economia. Agimos com seriedade num momento em que muitos achavam que a gente deveria fazer loucuras. Como a formiguinha faz, nós nos preparamos para o inverno - disse o presidente.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também afirmou que a crise das bolsas não vai afetar a economia real do país , uma análise que também é defendida pela maioria dos economistas.

Ao mesmo tempo, especialistas ao redor do mundo se perguntam por que as agências de classificação de risco erraram - ou demoraram tanto para revisar - a avaliação dos títulos lastreados em hipotecas de alto risco nos Estados Unidos (as chamadas subprime). O mesmo aconteceu à época da crise da Ásia e da Argentina, por exemplo.

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