FHC critica uso político de fosso social
FHC critica uso político de fosso social, já o uso político dos mortos no acidente da TAM pode?
Este parece ser, porem, o credo que anima FHC e o próprio movimento Cansei. O ex-presidente esta bem longe do jovem professor de sociologia catalogado na época como marxista.
Como Marx fez com Hegel, é virando 180 grãos a pirâmide do raciocínio de FHC que a realidade aparece em pé. O uso político do acidente é abjeto e visa a confundir o debate democrático sobre os problemas aéreos e do Brasil; já as diferenças sociais, o abismo que separa ricos dos pobres em um dois países mais desiguais do planeta é a essência do debate democrático e permeia todas as questões políticas do país, inclusive a questão aérea. Ela esclarece o debate político, a questão do liberalismo, da desregulação, do lucro a custa da segurança etc.
Que pessoas que nunca cansaram de conviver com essa desigualdade social, pretendam agora imputar um acidente de avião, provocado por falhas técnicas ou humanas, ao governo Lula para sustentar uma campanha política de oposição, merece ser destacado como manifestação hipócrita e utilização revoltante da tragédia.
Isto não significa recusar manifestações políticas contra o governo, na base do respeito da constituição e da democracia, de qualquer setor ou grupo social. Isto dito, não tem nenhum viés autoritário ou de intolerância criticar o sentido deste movimento "Cansei", indicar sua composição social, por luz sobre suas reais motivações e destacar seu conteúdo anti-ético.
Volto a repetir o que tenho escrito sobre isto:
"Uma sadia reação democrática jogaria luz sobre a manobra ignóbil e exporia os artífices do movimento "Cansei", identificados como expoentes da elite paulista, respaldados em organizações de empresários e de classe média sem maior apoio popular.
Porém, seria um grave erro de julgamento e politicamente um desastre para o país se a resposta a este caminho de ódio levasse a uma exacerbação da luta de classes, de radicalismos infantis e de pregações ofensivas para aqueles setores que podem se identificar no palavrório vazio e reacionário dos "cansados".
Não devemos esconder nossas próprias carências e erros, na denuncia fácil da "elite branca”, da insensibilidade social da burguesia e do apartheid social em que sustenta seus exorbitantes privilégios.
Os desafios presentes, a começar por medidas urgentes para resolver a crise aérea e também os gargalos na infra-estrutura, enfrentar as terríveis carências na educação, na segurança pública e na saúde, além de manter o curso positivo da economia do país, exigem a união e o diálogo entre todos os setores sociais e uma postura construtiva dos atores políticos, tanto da oposição como da situação." (30-7-2007)
Luis Favre
FHC critica uso político de fosso social
Jornal Valor (para assinantes) Folhapress, de São Paulo e Belo Horizonte
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem, em São Paulo, que as "brechas entre ricos e pobres não devem ser aumentadas na política". A frase foi proferida dois dias depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que "ninguém sabe colocar mais gente na rua" do que ele e que os ricos ganharam muito dinheiro em seu governo e, por isso, os pobres é que deveriam estar zangados.
A crítica do ex-presidente não foi feita diretamente a Lula. FHC discursou para uma platéia de empresários, intelectuais e estudantes, no lançamento da revista americana "America Quartely", da qual é membro do Conselho Editorial. Falando sobre a necessidade do mundo lidar com diferenças culturais e sociais, disse ser preciso "trabalhar na aceitação do outro". "Apesar das brechas entre ricos e pobres, o que às vezes é aumentado na política. Devemos evitar isso, não usar como poder." Leia mais no jornal Valor (para assinantes)
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