Famosos reunidos pelo ‘Cansei’ já lotam uma van
Blog de Josias
O “Cansei”, aquele movimento de combate ao “deixa-pra-laísmo” que infelicita a vida nacional, ainda não arrebatou multidões. Mas atraiu um grupo singular. Tem elenco para dois ou três vídeo clips. E já consegue encher uma van.
à causa.
Nesta terça-feira (14), outros “cansados” famosos puseram a cara na vitrine.
Em entrevista coletiva, aderiram ao “canseira”: o cantor Agnaldo Rayol, a atriz Adriana Lessa, o ex-nadador Fernando Scherer e o ex-locutor esportivo Osmar Santos.
De início, imaginou-se que o “cansaço” do grupo era com Lula. Impressão reforçada presença inaugural de João Dória Jr., um ex-amealhador de fundos eleitorais do tucano Geraldo Alckmin.
Agora, tanto os proto-fatigados quanto os neo-entendiados empenham-se em exorcizar a inspiração política. "Não existe esta conotação no movimento, esta coisa política, dizer se o Lula está bom, se está mal, se está ruim. Isto cabe a cada um", disse o neo-cansado Agnaldo Rayol.
"Nosso movimento não está vaiando ninguém, nosso movimento aplaude o Brasil”, ecoa o proto-cansado Luiz Flávio D’Urso, presidente da OAB-São Paulo e um dos precursores da cruzada anti-acomodação.
A despeito dos desmentidos, o Planalto e o petismo ainda enxergam no “Cansei” um quê de “elitismo” e “golpismo”. Bobagem, jura o doutor D’Durso. Ele dissocia o movimento da meia dúzia de passeatas que uns e outros andaram fazendo duas semanas atrás.
“Nós não queremos mostrar números para um movimento de mobilização de rua. Essa história de levar povo para a rua não é a nossa proposta. Nós queremos é fazer com que a força da sociedade articulada apresente propostas para o Brasil."
Por ora, o ideário do “Cansei” é um amontoado de “nãos”. Não ao caos aéreo. Não à violência. Não às balas perdidas. Não à corrupção. Não a isso. Não àquilo. As “propostas para o Brasil” ainda não foram apresentadas.
O brasileiro, como se sabe, é um ser dotado de indulgência congênita. Mas às vezes o descalabro é tão escancarado que é mesmo impossível não reagir de algum modo. O problema do “Cansei” é que o movimento parece ter escolhido a pior forma de reação: a pantomima.
Ora, o grupo não é contra Lula nem ninguém em particular. Diz estar de saco cheio de tudo o que não presta. Logo, logo incluirá na lista o câncer e o chope quente. Arrisca-se a gastar energia com uma indignação inconseqüente. Quem vê de longe enxerga dois tipos de heróis da resistência: os bobos e os cínicos.
Escrito por Josias de Souza às 00h39
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