domingo, 5 de agosto de 2007

Argentina revive nostalgia de Evita


Campanha eleitoral de Cristina Kirchner causa febre sobre ex-primeira-dama na mídia

Correspondente BUENOS AIRES.

Não existem muitas semelhanças entre ambas, mas com o lançamento da candidatura presidencial da senadora e primeira-dama argentina, Cristina Fernández de Kirchner, a evocação da imagem de Eva Perón, a mulher mais importante da história política do país, foi inevitável.

Tratando-se de duas mulheres peronistas, as comparaçõe s, alimentadas pela própria Cristina, tomaram a opinião pública. Em recentes viagens ao exterior, a candidata do governo de seu marido, o presidente Néstor Kirchner, disse sentirse identificada com “a Eva Perón de coque e punho cerrado”.

Resultado: em plena campanha eleitoral, Evita voltou a brilhar em grande estilo em revistas e jornais do país. Semana passada, o jornal “Perfil” publicou uma edição de 24 páginas com fotos da segunda esposa do general Juan Domingo Perón, que até hoje não haviam sido divulgadas.

O material pertence à família do fotógrafo Pinélides Aristóbulo Fusco (1913-1991), que trabalhou com o casal entre 1948 e 1955.— As fotos estavam guardadas porque não havia interesse em publicá-las. Mas a imagem de Evita voltou a interessar, e muito, tanto que estamos realizando uma exposição itinerante na província de Buenos Aires — disse ao GLOBO Edgardo Fusco, filho do fotógrafo de Evita e Perón.

Segundo ele, depois de 1955 (ano em que foi derrubado Perón), o pai teve de esconder as fotos por motivos políticos.

Depois o material acabou ficando guardado.

As fotos de Fusco mostram uma Evita informal, de cabelos soltos, falando no telefone, conversando ou tocando o piano, imagens que nunca antes haviam sido vistas pelos argentinos. O fotógrafo argentino, que tinha 35 anos quando conheceu a segunda esposa de Perón, retratou momentos inesquecíveis da vida do maior mito feminino da Argentina, por exemplo, o dia em que Evita, já muito doente, fez questão de votar nas eleições presidenciais de novembro de 1951. Era a primeira vez que as mulheres argentinas votavam, uma das grandes vitórias da carreira política de Evita.

Em 27 de julho passado, o governo Kirchner organizou um ato em homenagem à segunda esposa de Perón, exatamente 55 anos após sua trágica morte. A candidata do governo foi a grande estrela do evento, que reuniu mais de 2.500 pessoas no município de Berazategui, na província de Buenos Aires. Cristina lembrou da Evita de sua juventude, de sua militância política e também da Evita “dos silêncios, da longa noite da ditadura (1976-1983)”.

— Existe também uma Evita de novas significações, não na liturgia dos discursos vazios, mas sim na obra de governo, que é onde ela deve ser honrada — assegurou a primeira-dama argentina.

Em tom enérgico, Cristina defendeu a “Eva da vitória sobre os ridículos que pretendem desconhecer a inteligência do povo quando tentam nos convencer de que tudo está mal”.

O Globo
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