domingo, 5 de agosto de 2007

A importância dos telecentros

Lan houses, virtual expansão em áreas pobres
Cresce nas comunidades carentes o número de casas de acesso à internet

O Globo (para assinantes)
Taís Mendes

Os limites impostos pelo tráfico no Complexo da Maré encontram brechas num espaço que ameaças ou armas não conseguem transgredir. É pela internet, nas cerca de 150 lan houses existentes nas 16 comunidades do complexo, que jovens de diferentes faixas etárias se comunicam com vizinhos que vivem sob o domínio de facções rivais. Mais do que aproximar, a proliferação dessas casas em comunidades carentes do Rio permite que crianças e adolescentes pobres se apropriem das tecnologias da informática com a mesma intensidade de jovens de classe média. Segundo pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, a população com renda familiar até R$ 300 é responsável por quase 50% dos acessos em lan houses.

Quem visita o Complexo da Maré comprova o que revela a pesquisa. No conjunto de favelas, com cerca de 130 mil habitantes, as lan houses lotam diariamente.

— Tenho um amigo na Baixa do Sapateiro e só posso me comunicar com ele pelo Orkut, porque aqui o tráfico não deixa ele entrar — diz um jovem de 16 anos, da Favela Nova Holanda.

A demanda leva muitas lan houses a funcionarem até de madrugada. Na promoção batizada de viradão, o internauta paga R$ 6 para usar o computador até o amanhecer, com direito a café da manhã. O auxiliar de escritório Pedro Farias da Silva, de 29 anos, é cliente assíduo: — É quando eu posso pesquisar ou jogar com tranqüilidade.

Na Nova Holanda, por exemplo, a Vida Lan registra o acesso de 50 pessoas aos computadores num único dia. O movimento só não é maior porque a média de permanência dos jovens diante da tela chega a cinco horas.

Tanto tempo dentro do espaço estimula amizades e namoros.

Foi lá que Rayane Silva, de 13 anos, conheceu o namorado Rodrigo Sotero, de 15.

— Ficávamos conversando pelo MSN. Ele num computador e eu em outro, na mesma lan.

Até que o namoro começou, há dois meses — conta a jovem.

Desde que o virtual virou real, a jovem é proibida pelo namorado de acessar o MSN.

— Para evitar que ela conheça outro — brinca Rodrigo.

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