segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Escolha de dirigentes do PT antecipa 2008

João Cruz/ABr

Bem na foto: assim como Lula,

Marta aparece bem em pesquisa.
Datafolha mostra a ministra na liderança em SP


César Felício

Valor


O Partido dos Trabalhadores já deu o primeiro passo para definir seus candidatos a prefeito de capital com a eleição interna de seus diretórios municipais, estaduais e nacional no último dia 2. Ontem os militantes votaram em segundo turno para a escolha da direção nacional, disputada entre os deputados Ricardo Berzoini (SP) e Jilmar Tatto (SP), além de nove comandos estaduais (Pernambuco, Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Ceará, Distrito Federal, Santa Catarina, Amazonas e Rio Grande do Norte) e diversos municipais. Mas as candidaturas regionais se alinharam com os pré-candidatos em 2008 nas principais cidades do país.


O controle dos diretórios regionais é estratégico para a definição eleitoral: dele depende a formalização de alianças e a própria estruturação da campanha. E a consulta direta aos filiados para a escolha das direções equivale a uma prévia da prévia eleitoral. Tornou-se uma ocasião para os pré-candidatos petistas medirem forças.


Em Curitiba, por exemplo, a pré-candidata a prefeita, Gleisi Hoffmann, a esposa do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi eleita presidente do diretório paranaense com 82% dos votos dos filiados do partido. Dificilmente sofrerá um revés na prévia municipal que deverá disputar com o deputado estadual Tadeu Veneri. A situação é semelhante em Porto Alegre, onde o novo desenho partidário favorece o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, ante a deputada federal Maria do Rosário.


Citado como possível pré-candidato petista à prefeitura de São Paulo, o deputado José Eduardo Martins Cardozo, o terceiro colocado na eleição para a presidência petista, ficou com apenas 2,3 mil votos na capital, ante 12,8 mil de Jilmar Tatto, um aliado incondicional da ministra do Turismo, Marta Suplicy, ex-prefeita da cidade. A maioria absoluta obtida por Tatto deve desencorajar a realização de prévias dentro do PT paulistano.


Ainda que Marta não seja candidata a prefeita, algo hoje pouco provável, dificilmente deixará de ter controle absoluto sobre a decisão do PT. E neste cenário, a única alternativa é a do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (SP), que aliou-se a Tatto na eleição nacional.


Em vários Estados, a escolha dos novos diretórios antecipou uma competição pela candidatura que deveria ser resolvida apenas nas prévias partidárias no próximo ano. As candidaturas às presidências dos diretórios estaduais e das capitais se atrelaram aos grupos que já lutam para garantir a candidatura eleitoral.


"A disputa pela eleição candidatura em 2008 guiou este ano a escolha dos dirigentes", constatou por exemplo o deputado federal Pedro Eugênio (PE), que havia se apresentado como pré-candidato à prefeitura do Recife. Segundo o parlamentar, caso a ala comandada pelo prefeito do Recife, João Paulo, consiga uma vitória clara no segundo turno da eleição para o diretório estadual, deve haver uma retirada de candidaturas, esvaziando a possibilidade de prévias. "A coisa deverá ser resolvida por consenso", comentou.


A relação entre a eleição para a escolha dos dirigentes petistas e a luta pelas candidaturas em 2008 não ocorre em algumas capitais. Em Santa Catarina, por exemplo, a esquerda do partido, refratária a alianças, monopolizou a disputa do segundo turno petista, entre a ex-deputada Luci Choinacki e o deputado Claudio Vignatti. Mas a chapa mais votada foi a do antigo Campo Majoritário, hoje "Construindo um Novo Brasil" (CNB). Isto fará que o futuro presidente do PT catarinense não tenha maioria no diretório local e não controle a negociação de candidaturas e alianças em Florianópolis, Joinville e Blumenau.


Nas capitais em que o PT governa, a escolha dos dirigentes também não influi no cenário de 2008 porque o prefeito é candidato natural à reeleição. Em Fortaleza, tanto Joaquim Cartaxo quanto Ilário Marques, que foram ao segundo turno na disputa pelo diretório estadual, pertencem ao CNB, mas isto não ameaça a candidatura à reeleição da prefeita Luizianne Lins, da ala esquerda do partido. Do mesmo modo as candidaturas à reeleição em 2008 de João Coser, em Vitória; Roberto Sobrinho, em Porto Velho, Raimundo Angelim, em Rio Branco e Raul Filho, em Palmas ficaram acima das disputas pelos comandos regionais e municipais do partido.

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