sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Argentinos têm boa impressão de Cristina e querem atenção ao Brasil


Cristina Kirchner chega à Presidência da Argentina com uma boa imagem e uma expectativa positiva da população, mesmo na capital Buenos Aires, onde ela perdeu a votação para Elisa Carrió (23,64% contra 37,68%, respectivamente). É o que demonstra uma pesquisa inédita, a que o Valor teve acesso, realizada nos dias 30 de outubro (dois dias depois das eleições), 7 e 28 de novembro, pela empresa de opinião pública Iberobarometro.

Cristina tem uma imagem "boa" ou "muito boa" para 50,4% dos entrevistados, e "muito ruim" para 17%. Outros 25% a vêem como "regular". A maioria dos entrevistados (56,7%) disse acreditar que o país estará melhor ou igual nos próximos quatro anos, embora um índice alto (29%) tenha respondido que estará pior. Mais de 65% disseram acreditar que suas vidas pessoais estarão "melhor" ou "igual" até o final do novo governo; 17% acham que estarão "pior".


A pesquisa foi feita por telefone na região metropolitana de Buenos Aires, que abrange a capital e cidades do entorno. Foram ouvidas de 1 mil a 1,7 mil pessoas por pergunta (eram sete perguntas), sempre maiores de 18 anos em diversos cortes de idade, sexo e grau de instrução.


Na primeira parte da pesquisa, sobre qual deveria ser a prioridade do novo governo, 33,5% responderam a segurança pública, tema que tem liderado todas as pesquisas no país. Em seguida vêm educação (17,3%), desemprego (15,9%) e pobreza (15,2%). Em outra parte, sobre o relacionamento com o exterior, o Brasil foi identificado como o país da América Latina mais benéfico para a Argentina em termos de comércio (veja gráficos). Os entrevistados também demonstraram estar cientes da pouca atenção que o presidente Nestor Kirchner deu às relações internacionais, quando respondem que o próximo governo deveria melhorar as relações com "todos os países".


Para a socióloga e publicitária Doris Capurro, diretora da Iberobarometro, uma leitura que se pode fazer dos resultados desta e de outras pesquisas anteriores do Iberobarometro é que a população "reconhece a trajetória de Cristina e o mérito próprio para ser presidente do país; não se considera que seja um cargo herdado do marido". "Dizem que a sociedade argentina é muito machista. No entanto, a liderança de Cristina não é questionada. A oposição a ela é oposição, não por ela ser mulher, mas porque não concorda com sua política e visão do país". (JR) Jornal Valor

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