Para 'Financial Times', Lula pode optar por saída 'à Putin' para sucessão
por BBC Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia seguir o exemplo do russo Vladimir Putin e apostar na mudança de sistema para se tornar primeiro-ministro após cumprir dois mandatos na Presidência, sugere texto de análise política publicado nesta segunda-feira pelo jornal britânico Financial Times.
Na semana passada, Putin, cujo segundo mandato consecutivo termina em março e que não pode, pela Constituição russa, concorrer à reeleição, sugeriu que pode concorrer a uma vaga no Parlamento nas eleições de dezembro e se tornar no futuro primeiro-ministro do país.
Para o Financial Times, Lula "tomou na semana passada uma iniciativa pouco comum ao anunciar sua intenção de se afastar temporariamente do cargo em 2010 para se concentrar na campanha eleitoral de seu sucessor".
"Vindo três anos antes do evento, as notícias confirmam a crença amplamente aceita de que Lula da Silva está obcecado em manter o 'Lulismo' no poder, mas cansado do trabalho de governar de fato", diz o texto, assinado pelo correspondente do jornal em São Paulo, Jonathan Wheatley.
Para o jornalista, o anúncio de Lula na semana passada teve como alvo a disputa no Congresso entre o PT e o PMDB, ambos parte da coalizão governista, por indicações para cargos públicos.
"Não há candidato natural a sucedê-lo em 2010. A única certeza - se o presidente continuar com a aprovação em alta nas pesquisas - é que Lula pode decidir o sucesso de qualquer candidato. Se o PMDB quer ser parte da coalizão vencedora, ele estava dizendo, seria melhor se manter na linha", avalia o artigo.
Para o FT, ainda existiria a possibilidade de Lula concorrer novamente à reeleição. "Um terceiro mandato seria contra a Constituição, mas como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já mostrou, as Constituições existem para serem mudadas", observa.
"Lula da Silva poderia até mesmo preferir uma mudança do sistema presidencialista para o parlamentarista. Assim poderia seguir a receita de Vladimir Putin e suceder a si mesmo", conclui o artigo. BBC
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