segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Marta defende parceria com Estados e municípios para estimular o turismo

LETÍCIA CASADO
da Folha Online

A ministra do Turismo, Marta Suplicy, disse nesta segunda-feira que vai atuar em parceria com Estados e municípios para fomentar o setor no Brasil. Os projetos visarão a inclusão social, por meio de ações de saneamento básico ou que incluam a geração de emprego e renda.

"Quando você começa a aprofundar [os estudos] nos países que deram certo [no turismo], vê que nenhum deu certo sem fortalecer o mercado interno", afirmou.

Uma medida que deve estimular o turismo interno dentro do conceito de inclusão social é um programa de viagens para aposentados apoiado no crédito consignado. Pelo projeto, os aposentados poderão parcelar as viagens em até 12 vezes, pagando juros de 0,90% ao mês.

Os pacotes serão oferecidos na baixa estação, "para ocupar os hotéis no ano inteiro", explicou a ministra. O modelo já foi aplicado no Chile e na Espanha.

São Paulo

Segundo dados do ministério, o Estado de São Paulo é responsável por 35% do turismo no país, e 77% dos paulistanos viajam dentro do Estado. "Então, é importante que auxiliemos na criação de infra-estrutura, que também inclui saneamento. Com o auxílio dos deputados e dos governos estaduais, conseguiremos fazer isso", disse a ministra.

Ela ressaltou que muitas cidades pequenas com potencial turístico têm problemas de saneamento básico, e que o ministério possui recursos escassos. As emendas dos deputados seriam uma maneira de resolver o problema.

"Estou tentando alinhavar projetos em comum para que o orçamento do ministério possa, inclusive, ser potencializado", disse Marta, ressaltando que o orçamento de 2007 gira em torno de R$ 399 milhões, mas que pode chegar a R$ 1,9 bilhão com as emendas parlamentares.

Segundo Marta, o ministério investiu R$ 86 milhões em São Paulo no ano passado. "Os deputados não fazem emendas para o turismo. E turismo é emenda de tudo; de saneamento básico a sinalização nas cidades", disse.

Como os investimentos no setor acabam sendo, em grande parte, do governo federal, Marta acrescentou que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) "vai dar conta de algumas coisas", de grandes obras que envolvem o setor.

Um dos projetos para a capital paulista é um novo centro de convenções, na zona leste da cidade. Outro, é reforma do Anhembi, na qual o ministério aportará R$ 4 milhões para as obras.

Crise Aérea

Marta avaliou que ainda não é possível mensurar o impacto econômico da crise, mas, segundo ela, o caos aéreo causou menos prejuízos ao turismo do que a crise da Varig. "Com a quebra da Varig tivemos um impacto muito maior do que o que foi agora. Foram muitas linhas, internacionais e domésticas, que saíram de uso e não foram substituídas rapidamente. Algumas não foram substituídas até hoje".

A principal bandeira da ministra para resolver o problema dos aeroportos é uma linha de trem que interligará Guarulhos (Grande São Paulo) à capital. "Estamos interessados em que saia o transporte de trens para Guarulhos. Com o deslocamento de tantos vôos, é de tal preciosidade que esse transporte seja viabilizado. Não é algo rápido, então temos que planejar com muita antecedência. É algo que se constrói em quatro, cinco anos", afirmou.

Segundo ela, caiu em 6% a entrada de turistas no país em 2006. Mas, mesmo passando por um momento conturbado, o volume financeiro injetado pelos turistas cresceu 11,8%. E os turistas, que ficavam cerca de dez dias no Brasil, passaram a ficar entre 12 e 15 dias. "O turista vem gastar mais e fica mais tempo", concluiu.

Nenhum comentário: