quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Bem na foto

Blog de Alon (01/08)

As viúvas, viúvos, órfãos e demais entes queridos dos mortos no acidente do vôo 3054 da TAM, que se estatelou em Congonhas após percorrer a pista principal do aeródromo, merecem nosso respeito e nossa solidariedade. Solidariedade e respeito que se manifestam na forma de silêncio, quando não concordamos com determinadas palavras ou ações vindas de quem sofre a dor por ter perdido alguém muito próximo. É por isso também que tenho procurado ao máximo permanecer aqui no limite dos aspectos técnicos da análise, ainda que no caso em questão a técnica mantenha vasos comunicantes com a política. Vasos bem abertos, aliás. Mas eu creio firmemente na verdade, o que me faz recorrer à prudência e resistir ao efeito-manada. Os fatos parecem caminhar para uma constatação: o desastre nada teve a ver com o circunstância de a pista estar eventualmente um pouco escorregadia quando o Airbus da TAM tocou o chão. Ou seja, o que aconteceu nada teve a ver com a ausência das ranhuras para escoamento de água -o grooving. Na Folha de S.Paulo de hoje, Fernando Rodrigues avança um pouco mais na revelação do que foram os últimos momentos do vôo e das causas principais da tragédia. Em linhas gerais, o texto é coerente com o que a revista Veja publicou na reportagem de capa da edição que está circulando. E o mais interessante, ao menos do meu ângulo de visão: confirma o que o Jornal Hoje, da TV Globo, informou logo no dia seguinte ao acidente de 17 de julho. Na o dia 18, o telejornal da hora do almoço colocou ao vivo o responsável pela área de risco da COPPE, a Coordenação de Programas de Pós Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Moacir Duarte (na imagem). Vamos recordar o que disse, menos de 24 horas depois do acidente, o professor Moacir:

Jornal Hoje: Já é possível dizer o que aconteceu naqueles segundos antes da colisão? Se fala em pista molhada, se fala em erro humano, problema mecânico. É possível já ter uma previsão?

Moacir Duarte: Pela natureza da ferramenta que a gente tem para investigar acidentes já é possível dizer o que não aconteceu. Certamente uma colisão daquela magnitude não tem a ver com a ranhura nem com o processo de frenagem, porque já é a última etapa de parada do avião. O avião chegou com muita energia ao final da pista para cruzar a avenida e ter um impacto no prédio. Isso parece que exclui como causa decisiva a questão da ranhura e do atrito.

Clique aqui para acessar a íntegra da entrevista do professor Moacir Duarte ao Jornal Hoje, poucas horas depois do acidente com o vôo 3054 da TAM. Pelo visto, o professor e a COPPE tem grandes chances de ficar muito bem na foto quando a história toda se concluir. Ainda bem que temos cientistas desse gabarito. Eles são muito úteis a pessoas que gostam de recolher as informações e raciocinar sobre elas antes de emitir uma opinião. Meu obrigado à COPPE e ao professor.

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