domingo, 2 de dezembro de 2007

'É um absurdo mudar a Constituição', diz Lula sobre 3º mandato

Em dia de votação de diretoria do PT, presidente comenta pesquisa e volta a rejeitar a idéia de uma reeleição

Paulo Darcy, de O Estado de S.Paulo

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Lula vota neste domingo o novo presidente do PT

Epitacio Pessoa/AE
Lula vota neste domingo o novo presidente do PT

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou neste domingo, 2, sua posição contrária à reeleição no Brasil. Depois de votar, nesta manhã, em São Bernardo do Campo, no processo de eleição interna de sua legenda (PED), o presidente comentou a pesquisa Datafolha e destacou que é "o primeiro a dizer que é um absurdo tentar mudar a Constituição, como já foi mudada para ter a reeleição (segundo mandato)".

E frisou: "Acho que isso (resultado da pesquisa) é a sabedoria do povo brasileiro." que entre outros dados aponta que 65% dos entrevistados são contra um terceiro mandato consecutivo para o presidente Lula e 63% não concordam com a possibilidade de mudar a lei para criar o terceiro mandato para nenhum presidente. "Se tivessem me entrevistado, não seriam 63%, seriam 64%."

Indagado sobre o fato de nenhum petista aparecer nessa mostra como favorito à sua reeleição, ele disse que ainda é muito cedo para se discutir o tema porque as pessoas ainda não estão com a cabeça em 2010. E argumentou que o seu desejo é cumprir as metas de seu governo para que o País seja muito melhor em 2010.

O presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que o debate sobre a possibilidade de um terceiro mandato para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é "artificial" e que o partido estabeleceu como prioridade a construção de um nome para disputar a sucessão em 2010.

"A discussão sobre o terceiro mandato é uma discussão absolutamente artificiaL", afirmou Berzoini, ao votar na eleição interna do PT em uma escola no bairro de Cidade Ademar, zona sul da capital paulista. "O PT não discutiu isso nem pretende discutir . Nós queremos é preparar uma candidatura para 2010 que tenha viabilidade eleitoral e possa unir um conjunto de partidos em torno de um programa eleitoral".

Berzoini disputa hoje o voto de cerca de 300 mil petistas para obter um novo mandato no comando partidário. Apesar de reconhecer a necessidade de o PT trabalhar um nome para a eleição presidencial de 2010, o deputado desacreditou a pesquisa Datafolha publicada hoje, que apontou o amplo favoritismo do tucano José Serra contra qualquer um dos nomes cotados dentro do PT para a sucessão de Lula. Segundo ele, é cedo demais para discutir 2010.

Marta: 'Muito cedo para falar em 2010'

Apontada pela pesquisa Datafolha como a candidata mais forte do PT para disputar as próximas eleições presidenciais, a ministra do Turismo e ex-prefeita da Capital, Marta Suplicy, disse que é muito cedo para falar neste assunto. "Não tem nenhum sentido fazer pesquisa três anos antes (as eleições serão em 2010). Isso eu aprendi na política, ela é conjuntura, o momento. Muitas vezes não significa nada um ano, seis meses antes", disse.

Para a ministra, a pesquisa, que também apontou uma rejeição de 65% dos entrevistados a um eventual terceiro mandato presidencial, é muito positiva para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Isso mostra que 65% dos entrevistados concordam com o presidente (quando diz que é contra o terceiro mandato). Fiquei muito satisfeita", disse. Marta lembrou que o resultado da pesquisa ainda mostra que a população reconhece o governo, pois 50% dos entrevistados o consideram bom ou ótimo. "Acho que a estabilidade financeira, a massa salarial e o controle da inflação fazem o governo ser muito bem avaliado", emendou.

Trajando as tradicionais cores do PT, a ministra chegou cedo ao diretório do bairro de Pinheiros, na zona oeste da capital, para votar em seu candidato à presidência do partido. Sem revelar seu voto, ela disse que o grande desafio da nova diretoria será fazer com que os petistas voltem a ter uma maior participação nas atividades do partido. Além disso, Marta disse ainda que o PT deve buscar união, independência e iniciar os preparativos para as próximas eleições presidenciais, em 2010.

Texto atualizado às 16h16

(Colaborou Alexandre Inácio, de O Estado de S.Paulo)

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