domingo, 21 de outubro de 2007

Na calada da noite

Elio Gaspari

GIRAFA

No dia 29 de dezembro de 2006, o governo do Estado de São Paulo prorrogou as concessões de exploração de dez rodovias privatizadas. Isso aconteceu 48 horas antes do fim do mandato de Cláudio Lembo. (Ele informa que não acompanhou o caso.) As concessões foram expandidas por prazos de até oito anos. Nenhuma delas estava próxima do vencimento, que só ocorreria em 2018. As da AutoBAn, cujas rodovias são um brinco, foram postergadas até 2026. O conjunto de fatores que permite um cálculo da taxa de retorno das concessionárias informa que, pelo contrato de 1996, ela estava em torno de 20% ao ano. Na prorrogação, nenhum desses fatores foi renegociado. As empresas sustentavam que o aparecimento de novos tributos, bem como a exigência de obras adicionais, demandavam o reequilíbrio do trato.
Talvez tenham razão, mas a coisa ficou meio girafa. Trocaram um custo por uma prorrogação do negócio, sem mexer nos parâmetros que geravam a expectativa de retorno médio de 20%. A economia de 2006 não era a mesma de 1998. Ou o contrato foi desrespeitado, prejudicando as empresas, ou ele foi mal negociado pelo governo paulista. Resultado: até 2018 a patuléia pagará pedágios nos quais continuarão embutidas as incertezas de 1998.

BOA NOTÍCIA
A Agência Nacional de Transportes Terrestres, ANTT quer botar na internet as planilhas do fluxo de veículos em todas as rodovias privatizadas do país. Pode demorar uns meses, mas deve acontecer. Com esses números será possível ver com mais precisão a receita das concessionárias federais e estaduais.

Leia a integra da coluna de Elio Gaspari, na Folha de São Paulo (para assinantes)

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