Dia do professor: O que pensam e esperam os docentes
Priscilla Borges
Da equipe do Correio Braziliense
O desempenho ruim que os estudantes brasileiros têm demonstrado em avaliações nacionais e internacionais revelam a precariedade do ensino no país. A falta de investimentos adequados nas escolas não é novidade e precisa melhorar. Mas, na opinião de especialistas que se preocupam com a educação brasileira, existe um personagem nessa história que deveria ser mais analisado e valorizado: o professor. “Um dos maiores desafios educacionais do Brasil está na carreira do professor. A expansão do ensino no país não foi acompanhada pela valorização do profissional”, defende Célio da Cunha, especialista da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (Unesco).
No último dia 5, foi comemorado o Dia Mundial do Professor. A Unesco aproveitou para pedir aos países que produzam mais estudos sobre a situação dos educadores. Com base em dados mais fidedignos, é possível estabelecer políticas públicas para melhorar a condição desses trabalhadores.
Em 2004, a entidade realizou um estudo para tentar traçar um panorama sobre os professores brasileiros. O documento “O perfil dos professores brasileiros: o que fazem, o que pensam, o que almejam...” trazem dados interessantes sobre os docentes, que mostram que eles vêm de famílias com pouca escolaridade; estudaram, em sua maioria, na rede pública de ensino e possuem renda familiar baixa. A pesquisa mostra ainda que nem todos possuem curso superior. Os dados obtidos com esse estudo se assemelham bastante com o de outra pesquisa, Identidade expropriada, retrato do educador brasileiro da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
A presidente da CNTE, Juçara Dutra comemora a aprovação da lei que cria um piso de salários nacional para a categoria, de R$ 950. “A medida irá alavancar os salários. Mas precisamos lutar por mais”, diz.
Na educação superior, os professores também enfrentam problemas. A estrutura precária das instituições públicas, por exemplo, a falta de incentivo à pesquisa e a escassez de docentes para atender aos universtários prejudicam o trabalho. Além disso, os salários mostram o pouco valor da profissão. Hoje, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior (Andes), o máximo que um professor titular com doutorado e totalmente dedicado à instituição ganha é de R$ 7,3 mil.
Hoje, Dia do Professor, o Gabarito faz uma homenagem aos que enfrentam tudo isso sem perder a fé de que a educação é a alternativa de mudança e desenvolvimento mais eficaz. Nas páginas seguintes, o leitor vai conferir algumas histórias de educadores comprometidos com seu trabalho, queridos pelos alunos e reconhecidos por colegas. Eles representam todos os que possuem uma missão tão importante e não desistem de colocá-la em prática, apesar das diversidades. Parabéns!
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