quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Relatório diz que Israel abandonou sobreviventes do Holocausto

BBC de Tel Aviv - O controlador-geral do Estado de Israel, o juiz Micha Lindenstrauss, publicou nesta quarta-feira um relatório acusando o governo israelense de cometer "falhas graves" no tratamento aos sobreviventes do Holocausto que moram no país.

Segundo o relatório, dos cerca de 250 mil sobreviventes que moram em Israel, 50 mil deles recebem uma pensão do Estado e outros 57 mil recebem pensões de outros países, principalmente da Alemanha. Os 143 mil restantes "infelizmente, não recebem ajuda alguma do Estado", diz o documento.

Para o juiz, o governo tem a obrigação legal e moral de agir imediatamente para reparar as falhas, e qualquer adiamento pesará na consciência do Estado.

O cargo ocupado por Lindenstrauss tem funções semelhantes às de um ombudsman das atividades do Estado, incluindo a adoção de políticas públicas.

O relatório sobre a maneira como o Estado de Israel trata os sobreviventes do Holocausto residentes no país, elaborado durante o último ano, foi entregue pelo juiz nesta quarta-feira ao presidente de Israel, Shimon Peres.

"É inconcebível que essas pessoas, que já passaram por um sofrimento infernal, não recebam o tratamento adequado por causa de obstáculos burocráticos", afirma o controlador.

"O Estado age lentamente e, em vista do fato que a população dos sobreviventes, que é idosa e doente, diminui a cada ano que passa, o governo deve acelerar sua ação e fazer tudo o for necessário para garantir a eles uma vida digna."

A Federação das Organizações dos Sobreviventes elogiou o relatório e declarou que esta é a primeira vez na história de Israel que existe um plano objetivo para dar uma solução ao sofrimento dos sobreviventes.

Segundo a Federação, muitos deles vivem abaixo da linha da pobreza e não têm meios para comprar medicamentos ou artigos de primeira necessidade.

Os sobreviventes que não recebem pensões adicionais vivem apenas de uma aposentadoria mínima de cerca de 1,1 mil shekels (equivalentes a R$ 550) por pessoa, enquanto o salário mínimo em Israel é de 3,7 mil shekels (cerca de R$ 1,8 mil) e o salário médio é de 7,6 mil shekels (cerca de R$ 3,8 mil).

A decisão do governo israelense, de destinar o valor de 120 milhões de shekels (cerca de R$ 60 milhões) para melhorar as condições de vida dos sobreviventes, levou milhares deles às ruas há duas semanas.

De acordo com as organizações dos sobreviventes, "o valor que o governo resolveu dar é ridículo e significa apenas 83 shekels (cerca de R$ 40) por mês, por pessoa".

Um dos sobreviventes, Hanoch Mandelbaum, disse à radio pública de Israel que "graças a Deus" não precisa da ajuda do governo, pois recebe uma pensão da Alemanha. "Mas fico indignado com a insensibilidade do governo de Israel."

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