O que disse a pesquisa Datafolha?
32% dos mais ricos consideram o governo Lula ótimo e bom. A mesma proporção dos mais ricos o catalogam de ruim e péssimo e para 36% é mais ou menos. Ou seja, dentre os que ganham acima de 10 salários mínimos, está equilibrado entre os dois campos, os favoráveis e os oposicionistas. Esta categoria representa apenas 7,5% da população total do Brasil.
Primeira conclusão que demonstra que a afirmação que os mais ricos são contra Lula não corresponde com os dados da pesquisa Datafolha.
Já na classe média, a que ganha entre 5 e 10 salários mínimos, 39% dão ótimo e bom para o governo e apenas 19% o consideram ruim e péssimo, para 42% ele não é tão bom, nem tão ruim. Este setor representa 10,9% da população.
Segunda conclusão é que a suposta oposição das classes médias ao governo não tem apoio no resultado de nenhuma pesquisa e corresponde ao desejo dos partidos de oposição e de setores da mídia de atribuir a popularidade do governo exclusivamente aos pobres e beneficiários dos programas sociais.
Agora, para os que ganham até 5 salários e que constituem 77,2% da população, o governo Lula aparece como ótimo e bom para 52% e os que dizem que ele é ruim e péssimo são apenas 12%.
Terceira constatação: só uma pequena minoria dos assalariados ou dos que tem renda até 10 salários mínimos concorda com os que afirmam que o governo Lula é ruim ou péssimo. Ou seja uma minoria dentre os que são quase 90% da população do Brasil.
A pesquisa mostra que a classe média, os assalariados e os pobres não consideram o governo ruim, ao contrario são bem mais representativos nestes setores sociais os que o catalogam como ótimo e bom. E mesmo entre os mais ricos a disputa está equilibrada.
Isto explica o resultado global de 48% de ótimo e bom para o governo Lula, contra apenas 15% de ruim e péssimo. Isto depois do acidente da TAM e sem a mídia fazer campanha a favor do governo, o que, além de sadio, mostra que existe uma total liberdade de imprensa no Brasil.
Estes dados, é bom lembrar, são um avaliação do momento e podem mudar. Deles não se conclui nada em relação as futuras eleições de 2008 ou de 2010.
Porém uma coisa é clara: não corresponde com nenhuma pesquisa a afirmação muitas vezes repetida que o apoio ao governo é dos pobres e que as classes médias ou os ricos o consideram ruim.
A pesquisa Datafolha também acaba com o mito que os menos instruídos apóiam Lula e os de formação superior não.
Se entre os 48,5% da população que tem ensino fundamental, o governo obtém 55% de ótimo e bom, contra apenas 11% de ruim e péssimo; entre os que fizeram ensino médio esta relação é de 43% de ótimo e bom, contra 16% de ruim e péssimo (trata-se de 40,3% da população). Quer dizer que o apoio a Lula entre o equivalente de 89% da população é muito superior aos que nesses segmentos o consideram ruim.
Mas mesmo entre os que tem ensino superior e que são apenas 11,2% dos brasileiros e brasileiras, os que consideram o governo Lula ótimo e bom são mais dos que o consideram ruim ou péssimo (36% contra 29%).
Em nenhuma categoria social, nem sócio-econômica, nem por grau de instrução, os que consideram o governo ruim configuram uma maioria. Em todos são minoritários e por tanto não corresponde a afirmação, muito repetida, que os mais informados e que ganham mais dinheiro estão majoritariamente na oposição ferrenha ao governo.
De tudo isto não devemos concluir que o governo esteja bem em tudo e não cometa erros, ou que as criticas a ele dirigidas não sejam apropriadas em muitas questões, e particularmente no trato da crise aérea. Tampouco pode se argüir destes resultados, para desqualificar o direito da oposição, nem da mídia, de apontar o que considera contrário ao interesse público, ou simplesmente aos interesses que defendem. Podemos, isso sim, considerar que o curso da política do governo, seus resultados econômicos, de emprego, de crescimento e de distribuição de renda tem globalmente o respaldo de uma ampla maioria.
A pesquisa também mostra que a pregação de "fora Lula" é uma agressão à maioria esmagadora do país, além de ignorar a legitimidade do voto e do respaldo do governo Lula.
Luis Favre
2 comentários:
Ótima ferramenta de argumentação. Sóbrio, científico, dialético. Vou indicar.
Luiz Favre que bom encontrá-lo novamente. Bons embates tínhamos no fórum de discussão do PT; nem lembro mais o ano. No momento lembro-me da participação do Laerte Braga, Geraldo Sette e o nosso grande adversário: o Emilio do Rio de Janeiro. Naquela época a briga era na defesa do Partido dos Trabalhadores, agora, também do governo Lula – trabalho dobrado e os adversários se multiplicaram; mas nós também recebemos bastante reforço com os blogs – que não existiam à época. Excelente análise da pesquisa Datafolha. Um abraço.
Galvão
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