As pistas na transcrição sobre Congonhas
SLOT do JB
A degravação da conversa dos dois pilotos do Airbus MBK da TAM é um momento de horror, como são todas as gravações dessa natureza - razão pela qual dificilmente são conhecidas do público. Mas também é uma fonte importante de indícios sobre o que levou à tragédia. Desde o dia do acidente, algumas pistas importantes têm reduzido o menu de fatores que concorreram para o desastre. Eliminei, por exemplo, a arremetida e, embora haja um significativo reforço na questão da aderência da pista, as gravações não revelam que tenha havido aquaplanagem.
Mais e mais, os elementos convergem para o caso similar, ocorrido com o vôo TNA536, da Transasia, no aeroporto de Taipé. Lá, como havia área de escape, o jato varou a pista mas parou no mato. Ninguém saiu ferido. A questão maior converge para uma falha mais grave de gerenciamento eletrônico no Airbus.
O problema é detectado logo que a aeronave toca o solo, quando os spoilers não se armam. A razão? Segundo um piloto e instrutor de vôo que vem me municiando de gráficos e até dos dados da caixa preta do jato da Transasia, por alguma razão a manete de potência do lado direito ficou TRAVADA acima de Idle (ponto morto), quando deveria estar nessa posição ou abaixo, como manda o manual do Airbus A320 cuja cópia possuo. Sabe-se que ela estava em regime de ganho de potência, mas de alguma forma isso poderia ser revertido com o ajuste no momento do pouso.
O problema é que a alteração não pode ser feita, provavelmente por um bloqueio determinado pelo sistema de gerenciamento eletrônico (Fadec). Com uma turbina em reversão e outra em aceleração, o sistema travou no contraditório e recolheu os spoilers, inibindo também o funcionamento dos freios das rodas e dos ground spoilers, que são acionados pela compressão nos trens de pouso.
De acordo com esse piloto, quando o peso estiver totalmente sobre as rodas, e estas giraem a alta velocidade, e pelo menos um Reversor acionado, um sinal será enviado para os spoilers se abrirem. Isso não aconteceu. Não houve, segundo esse especialista, nenhum erro dos pilotos - embora eu discorde por causa da posição da manete, que não é a recomendada pelo manual. Ele concorda que a chave desse enigma passa obrigatoriamente pelo Fadec.
Diz que o elemento que sustenta isso está na transcodificação, cuja tradução, para a imprensa, errou em um ponto crucial. Em um determinado momento, um dos pilotos fala:
"desacelera, desacelera", e o outro responde:
"Olha isso". "Ele não pode, ele não pode". Esta frase foi traduzida errôneamente pela imprensa por: " Eu não posso, eu não posso".
As frases são estas:
18:48:26.3
Som de toque na pista
18:48:26.7
Co-piloto: Reversor núemro 1 somente
18:48:29.5
Co-piloto: Spoilers nada.
18:48:30.8
Comandante: aaii [suspiro]
18:48:33.3
Comandante: olhe isto.
18:48:34.4
Co-piloto: desacelera, desaceleta
18:48:35.9
Comandante: ela não pode, ela não pode
18:48:40.0
Comandante: oh meu Deus...oh meu Deus
18:48:42.7
Co-piloto: vai, vai, vai, vira, vira, vira
18:48:44.6
Co-piloto: vira, vira para...não, vira, vira
18:48:45.5
Som de ruidos de esmagamento
Existe uma única frase na tal transcrição muito duvidosa porque foi inserida pelo investigador da Aeronautica que foi aos USA, que faz alusão ao ruido de aceleração. Nada mais, Não se sabe se a aceleração é do motor Direito ou Esquerdo, pois o motor ESQUERDO estava sendo acelerado pela manete do reversor neste instante.
A frase é:
18:48:24.5
[ som do movimento da manete de potência ]
18:48:24.9
[ som de aumento de ruido do motor ] ( não se sabe se era o ruido do Reversor do motor ESQUERDO ou do DIREITO ). Esta frase não é da transcrição do FDR e sim foi inserida pelo investigador para explicar o que ele entendeu sobre esse som.
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