Neste final de semana se encerrou a rodada de etapas estaduais do 3º Congresso do PT. Depois de uma longa maratona, que envolveu milhares de debates, encontros municipais e estaduais e a participação de aproximadamente 240 mil filiados, foram eleitos os delegados para a etapa nacional. Sem contar os votos em separado, que serão apurados (ou não) por deliberação do Diretório Nacional, foram eleitos 934 delegados, 100 diretamente da base e outros 834 pelos encontros estaduais. Esses números, numa leitura fria, permitirão conclusões sobre quais teses aglutinaram mais filiados em torno de suas idéias e lideranças. Por esse método meramente matemático, perceberemos que a tese Construindo um Novo Brasil elegeu 51% dos delegados, a Mensagem ao Partido 12,31%, o Movimento PT 7,39% e por aí vai, numa sucessão de números que pouco dizem. Conclusões advindas daí são enganosas e perigosas. Provavelmente os mais apressados - em geral os mesmos que se permitem ser fontes e porta-vozes da mídia que se empenha em destruir o PT - dirão que há uma retomada do Campo Majoritário e uma derrota das outras correntes. Além de rasa, essa leitura seria uma tentativa de resumir o Congresso do PT num permanente exercício de levantamento de crachás. Uma análise mais candente, porém, indicará outro caminho e nos induzirá a uma pergunta delicada: de que vale este Congresso e seus montes de delegados (mais especificamente um montão e vários montinhos)? Como diz a própria tese Construindo um Novo Brasil, "o 3º Congresso não pode exprimir um resultado apenas aritmético, mas tem de representar mudanças reais que confiram ao partido uma grande vitória política, de conteúdo, algo que se torne uma referência consistente para o PT e para a sociedade." E é sobre essas mudanças, que não devem ser apenas aparentes, e a sempre almejada vitória, que devemos concentrar nosso olhar. A primeira delas diz respeito ao que os petistas esperam de seu partido. Ao contrário do que publicaram vários jornais e desejavam outros tantos, 90% dos petistas que participaram de todo o processo congressual disseram que não admitem refundar o PT. Com o perdão da licença poética, diria que pudemos ouvir muitas vozes gritando o mesmo grito: "o PT é meu, não quero refundá-lo, quero melhorá-lo". Essa já é a primeira vitória. Vitória sobre a mídia conservadora que não admite o PT governando o país, que não admite nossos acertos e não perdoa nossos erros. Vitória sobre a elite que, fora do governo federal, se cansou. Mas é uma vitória, também, sobre a hipocrisia daqueles que, de mãos lavadas e olhos tampados, esqueceram o passado e olvidaram o presente, preferindo se declarar cansados do que ajudaram a fazer e preferem refundar.
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