segunda-feira, 25 de junho de 2007

Teatro faz protesto contra edital da Prefeitura de SP

Atores, diretores e produtores rejeitam 11.º Fomento e criticam gestão de Calil

Jotabê Medeiros, do Estadão

SÃO PAULO - "O que é que nós queremos? Cultura! Quando é que nós queremos? Agora!".

Os slogans eram gritados para cima, em direção aos andares mais altos da Galeria Olido por cerca de 200 manifestantes na manhã desta segunda-feira, 25, numa esquina do Largo do Paissandu, na frente da Secretaria Municipal de Cultura. Eram atores, diretores, produtores, representantes de grupos de teatros, da Apetesp e da Cooperativa Paulista de Teatro, que marcharam em protesto até ali desde a Praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo.

Os artistas protestaram contra o edital de seleção para a 11.ª Edição de Fomento ao Teatro, publicado nos dias 18, 24 e 31 de maio pela Prefeitura de São Paulo. Em assembléia na sede da Cooperativa de Teatro, os grupos representados pedem que a Prefeitura revogue imediatamente o edital, que consideram repleto de equívocos, além de trazer inovações e coisas "ilegais e abusivas" que ferem a lei pré-existente. A Lei de Fomento ao Teatro é auto-regulamentada.

O secretário municipal de Cultura, Carlos Augusto Calil, chegou a enviar uma carta aos líderes do movimento, na semana passada, reconhecendo "erro material" e prometendo a retificação de dois itens do edital, a supressão de outros dois pontos e nova redação, "devolvendo-se o prazo para inscrições". Mas os produtores não aceitaram esse recuo.


(...) "Queremos que o secretário abra o Conselho Municipal de Cultura, que há dois anos ele não convoca. Queremos a revogação total desse edital, que passa por cima do legislativo e da sociedade. Tá na hora de revisar as leis, reconversar tudo, mas até agora ele não nos chamou para conversar", disse Ney Piacentini, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, que foi recebido por Calil e entregou uma carta em que os manifestantes dizem considerar "insuficientes" as alterações propostas pela secretaria.

"Queremos que a questão seja conduzida conforme as prerrogativas da lei, não do edital da Prefeitura", disse Piacentini, que explicou que a marcha não pretendeu iniciar as conversações, mas apenas fazer um ato simbólico. Na terça-feira, às 16 horas, uma comissão dos manifestantes volta ao prédio, acompanhada de membros do legislativo - entre eles os parlamentares Juscelino Gadelha (PSDB) e Carlos Neder (PT) - para conversar com Carlos Calil.

Críticas ao secretário


Também se questiona a forma de gestão do secretário, que é acusado de não receber as entidades representativas dos artistas. "É importante provocar essa discussão. Qual é o projeto cultural do Calil? Até agora, ninguém sabe. É constrangedor, ele entende cultura unicamente como administração", diz o diretor teatral Luiz Carlos Moreira.


(...) A comissão que vai à Secretaria de Cultura na terça-feira pretende ainda interpelar o secretário sobre sua postura em relação à Lei Municipal de Incentivo à Cultura (a Lei Mendonça). Reportagem do Estado mostrou que, em três anos, caiu quase 90% o valor destinado pela Prefeitura para o incentivo cultural - a lei prevê que esse montante seja de, no mínimo, 2% do ISS. Leia a integra aqui

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