Reflexões pessoais sobre a crise aérea
O espaço dedicado à crise aérea no rádio e TV, na imprensa escrita quotidiana e revistas semanais é tão grande que cabe uma pergunta singela: por que as pessoas estão tão confusas sobre as causas dos problemas nos aeroportos ?
Se o objetivo da mídia é informar, pesquisar e opinar, permitindo assim que a opinião pública possa ter uma idéia, não só da situação, mas das eventuais soluções a determinado problema, por que no caso da crise que se alastra no tráfico aéreo a confusão parece predominar?
A jornalista Cristiana Lobo, na Globo News das 22 horas de ontem, indicou que é insuficiente o número de controladores de vôo e que isto eclodiu com o acidente da Gol. Ela acrescentou que a resposta do governo foi a de formar novos funcionários e que isto leva dois anos. A primeira turma de quinhentos novos controladores estaria pronta em dezembro.
A revista Época desta semana disse que os problemas existentes derivam das reivindicações dos controladores a respeito das condições de trabalho e remuneração. O governo está atendendo uma parte destas reivindicações e não aceita, o que é lógico, que o país fique refém de uma categoria profissional.
Esta questão explode concomitantemente ao crescimento considerável do número de passageiros provocado pela melhoria da situação econômica do país, sendo que as companhias aéreas carecem de aviões suficientes para fazer frente à demanda. Várias delas têm comprado novas aeronaves que começarão a voar só daqui ha seis meses. Esta carência foi agravada pela crise da Varig, levando à uma explosão do overbooking.
Last but not least, a ampliação dos aeroportos e de pistas, em curso no país todo, ainda não foi concluída e uma descentralização dos aeroportos se faz necessária para dar conta do aumento do tráfico aéreo. Este crescimento é um fênomeno mundial e, no que diz respeito ao Brasil, será maior por conta das projeções decorrentes do crescimento econômico e do impulso ao turismo.
Resumindo, a situação exige respostas urgentes, porém a solução requer tempo. O governo demorou na sua reação política, mas tomou as medidas corretas na procura de soluções que exigem tempo para darem resultados. Pode-se diminuir os problemas dos passageiros durante o tempo necessário à chegada de novas aeronaves, de mais controladores e da ampliação e descentralização dos aeroportos e do tráfico. Porém é irresponsável pretender que as coisas possam andar mais rápido nas soluções estruturais.
A reação política do presidente Lula foi boa exigindo responsabilidade da categoria dos controladores e do comando da aeronáutica e a vontade de vários ministros de contribuir para diminuir os problemas dos passageiros nos aeroportos também são positivas.
A mídia pode contribuir esclarecendo e informando.
Mas deseja faze-lo ou procura simplesmente manter a população na confusão?
O interesse do Brasil não pode estar sujeito à politicagem mesquinha, nem de categorias profissionais, nem dos que têm como suposta vocação informar com isenção.
Luis Favre
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