quinta-feira, 21 de junho de 2007

Os confins do capitalismo

Trabalhadores cativados numa olaria chinesa, foto Agence France-Presse — Getty Images no New York Times de 16/06

Há dias que eu queria chamar a atenção para três notícias recentes sobre os desdobramentos da globalização. Em primeiro lugar, o avanço da financiarização do capital através da atividade crescente dos fundos de investimento não cotados na Bolsa, ditos de private equity. Segundo Eric Le Boucher, um dos colunistas econômicos do Le Monde, no ano passado as Bolsas européias registraram a entrada de 716 empresas com um capital total de 85 bilhões de euros. No mesmo ano, os fundos de investimento de private equity investiram 71 bilhões de € em 7.500 empresas européias. Debates de especialistas na TV chamaram a atenção para o caráter especulativo destes investimentos, a opacidade que cobre suas atividades e o risco representado por mais esta etapa da desregulamentação capitalista.

Em segundo lugar, vem a pedreira do capitalismo chinês, cada vez mais caracterizado como um sistema truculento de exploração de mão-de-obra
semi-servil. Assim, como escreveu um cronista do New York Times, a China aparece como a última grande ditadura capitalista do mundo.

Em terceiro lugar, uma noticiazinha que tem tudo a ver conosco. Cada vez mais está em uso a etiqueta RFID (Radio Frequency Identification). Enfiada em qualquer canto de uma mercadoria, ela ajuda as grandes marcas a combater a pirataria de suas grifes. Algumas boates na moda já tem um enfermeira na entrada que insere, sob a pele dos clientes que desejarem, a RFID. Aí, o cara paga suas bebidas, entra nas zonas reservadas, etc., sem ter que tirar a carteira toda hora. No México, já se achou outra utilidade para a RFID: enfiá-la na pele de crianças e adultos que podem ser vítimas de seqüestro. Com este xavecozinho fica mais fácil saber onde estão sendo seqüestrados.

Se alguém ler isto aqui e abrir uma firma do ramo no Brasil, eu quero uma comissão, hein!

Luiz Felipe de Alencastro

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