sábado, 16 de junho de 2007

Mais imparcialidade

por Jilmar Tatto, Deputado Federal (PT)

Dora Kramer julgou e condenou sumariamente Marta Suplicy. O fez considerando que a frase infeliz é o verdadeiro pensamento de Marta, e a desculpa mero cálculo político.

Vale lembrar que perguntada por uma jornalista que conselho daria aos turistas para viajarem apesar dos problemas nos aeroportos, a ministra, de forma infeliz, respondeu “relaxa e goza, porque depois você esquece todo o transtorno”, e que esses problemas eram “como as dores do parto, depois ninguém lembra”. Sobre a frase infeliz, ela se desculpou pública e repetidamente.

Para Dora Kramer, não vale desculpa, pois, segundo ela: “Marta foi espontânea quando falou, e calculista quando se retratou”. A frase condena a ministra, pois, Dora "sabe" que ela tem um desprezo pelo povo que sofre nos aeroportos. Dora Kramer disse: “Marta Suplicy vocalizou de maneira exacerbada e inapropriada a indiferença desde o início da crise patente no governo para com as desventuras do passageiro de avião”.

É verdade que Dora também pondera: "Agora, uma coisa é pontuar sua absoluta falta de sensibilidade, a outra é cobrar sua demissão". Porém, não pelo caráter absolutamente esdrúxulo do pedido e sim por ser perda de tempo perante um Lula insensível.

Curioso o método da jornalista.

Espera-se dos jornalistas imparcialidade no tratamento das notícias.

Marta Suplicy escorregou numa frase, mas se desculpou imediatamente depois. Ela é responsável pelo desenvolvimento do turismo para o Brasil, gerando empregos e renda para os brasileiros, e o está fazendo bem, com dedicação e muito trabalho.

Como o fez quando prefeita de São Paulo, construindo os CEU's, criando o Bilhete Único, instaurando o Renda Mínima, distribuindo uniformes e material escolar de graça para os alunos, iniciando a recuperação do Centro e das ruas comerciais etc. Em todos os cargos que ocupou, como se vê, teve verdadeira sensibilidade com o sofrimento do povo, e trabalhou duro para ajudar a melhorar a situação.

Dora Kramer tem sido muito mais criteriosa em outros casos, alguns deles verdadeiramente graves, envolvendo autoridades.

Assim foi, por exemplo, quando ela comentou o “incidente” envolvendo Gilberto Kassab.

Lembremos que o atual prefeito de São Paulo, em 6 de fevereiro de 2007, atacou um cidadão que protestava pacificamente e o expulsou do recinto público em que se encontrava aos gritos de “vagabundo”. Foi uma agressão, uma violência e um insulto. Seria insultar a biografia de Marta Suplicy comparar sua frase "infeliz" com este tipo de ato de violência, ou a incitação ao estupro de triste memória.

Dora Kramer achou a postura de Gilberto Kassab uma “reação intempestiva” que “dá margem a montagem de armadilhas por parte dos adversários” (coluna Dora Kramer 7/2/2007). Nenhuma condenação, nenhuma “interpretação” do verdadeiro pensamento de Kassab, nada de comparações com apelos revoltantes, nenhuma exigência de desculpas (Dora Kramer nos disse, nove dias depois dos fatos, que Kassab estava pensando em ir pedir desculpas).

Já com Marta é diferente, é condenação e ponto.

Por que será? Por que é ministra do governo Lula? Por que é do PT?

Por quê?

Deputado Federal Jilmar Tatto (PT)


A seguir os artigos de Dora Kramer sobre o “incidente” envolvendo Gilberto Kassab e a coluna sobre Marta Suplicy

Mão beijada
7/2/2007
Não será surpreendente se daqui em diante o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, tiver seus nervos postos à prova com a presença de manifestantes aonde quer que vá.

A reação intempestiva de Kassab ao expulsar o homem que protestava no posto de saúde, na segunda-feira, dá margem à montagem de armadilhas por parte dos adversários que não querem vê-lo em boas condições para disputar o posto em 2008.

E o inimigo não senta praça só no PT. Monta guarda também no PSDB.

Mal comparando
9/2/2007

O PFL está tentando transformar em doce o azedume do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, sobre o manifestante expulso aos gritos de 'vagabundo' de uma inauguração de ambulatório na segunda-feira.

Os pefelistas argumentam que o episódio pode ter a vantagem de tornar Kassab - cuja reeleição é o principal investimento do partido para a eleição municipal de 2008 - mais conhecido da população.

Lembram que anos atrás o prefeito do Rio, César Maia, apostou no estilo maluco-beleza, tornou-se um 'hit' e se reelegeu com facilidade. De maluco só tinha o marketing.

Se o prefeito paulista levar a sério a comparação, prudente será manter de Gilberto Kassab uma distância regulamentar.

Em domicílio

15/2/2007

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pensou, e ainda não abandonou a idéia de ir à casa do cidadão expulso por ele na inauguração de um ambulatório há 15 dias pedir desculpas pessoalmente.

Tanto no Palácio dos Bandeirantes quanto na prefeitura vigora a avaliação de que o dano político foi sério. Só teve um efeito por ora considerado positivo: o índice de conhecimento do prefeito na cidade subiu de 46% para 62%.


À moda de Antonieta

Marta foi espontânea quando falou e calculista quando se retratou

dora.kramer@grupoestado.com.br

Foi abissal, embora nem de longe tenha sido a maior já pronunciada por habitantes da Esplanada dos Ministérios e adjacências, a tolice dita pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, ao aconselhar os passageiros de avião a relaxar e aproveitar sabe-se lá exatamente o quê diante de vôos atrasados, aeroportos entupidos, viagens canceladas, compromissos perdidos, férias comprometidas e paciências esgotadas.

Inclusive porque ela não seguiu o próprio conselho quando se viu numa situação de urgência e prejudicada pela crise aérea em seus propósitos profissionais.

Dias antes de assumir o ministério, chegou atrasada a uma reunião com o presidente Luiz Inácio da Silva depois de passar horas no aeroporto de Congonhas e comentou com rispidez os atrasos. Ali Marta tinha razão, reagiu como qualquer um. Aqui, foi apenas frívola.

Marta pediu desculpas, mas o fez por cálculo a posteriori sobre possíveis danos políticos a seus projetos eleitorais. Já a exortação ao consumo de brioches ante a carência de pão resultou de genuína e espontânea frivolidade.

Agora, uma coisa é pontuar sua absoluta falta de sensibilidade, a outra é cobrar sua demissão. É perda de tempo, pois o presidente Lula não se constrange com nada, nem em manter no cargo uma ministra da Igualdade Racial que considera o racismo de negros contra brancos como algo absolutamente natural e até justificável.

Pretender que Marta deponha na CPI do Apagão Aéreo é outro gesto oco, típico de quem não dá aos acontecimentos a dimensão exata. A ministra acrescentaria mesmo o quê à comissão de inquérito, se não tratou em sua declaração do mérito?

Marta Suplicy vocalizou de maneira exacerbada e inapropriada a indiferença desde o início da crise patente no governo para com as desventuras do passageiro de avião.

Se nem o ministro da Defesa ou o comandante da Aeronáutica são capazes de esclarecer coisa alguma a respeito do assunto em pauta, que dirá a ministra do turismo, sexóloga, feminista, a quem a primeira frase que ocorre para comentar crise aérea guarda relação com uma piada de quinta categoria sobre o estupro se a agressão se apresenta inevitável.

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