Discurso muda, mas posição não
Sobre aquecimento global a nova postura de George Bush analisada pelo editor de ciência da Folha de São Paulo
CLAUDIO ANGELO
Quem acredita em George Walker Bush? Como o pastor que grita "lobo!" na fábula de Esopo, o presidente dos EUA passou tanto tempo dizendo que metas de redução de gás carbônico eram "prejudiciais à economia" que fica difícil engolir sua aparente mudança de posição.
Ela vem, aliás, em lugar e hora no mínimo curiosos: o discurso climático foi colado, como se às pressas, no pé de um pronunciamento sobre outro assunto. E é proferido dois dias depois que Nancy Pelosi, a democrata presidente da Câmara, deu a mão à chanceler alemã Angela Merkel e disse que um eventual governo democrata aceitará um acordo multilateral contra o aquecimento. Pelosi é o principal símbolo da derrota republicana nas eleições legislativas de 2006.
Sozinho externa e internamente, Bush não conseguiu mais sustentar a retórica da negação climática. Mas sua posição continua a mesma. O discurso de ontem é propositalmente vago, contraditório e inclui um oximoro ("carvão limpo") entre as soluções do problema ambiental.
Na verdade, a "proposta" americana se limita a chamar uma reunião para discutir metas (reinventando a roda, já que tanto o Painel do Clima quanto a Convenção do Clima da ONU têm esse objetivo) e acordá-las só em 2008. Leia mais aqui (para assinantes)
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