sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Veto a Garcia obriga Lula a apoiar Berzoini

Ricardo Berzoini


Presidente foi pressionado por deputados aliados, que temiam vitória de Tatto

Vera Rosa, BRASÍLIA

O Estado de São Paulo

Uma rebelião de deputados do PT impôs uma derrota ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi obrigado a ceder para evitar novo racha no antigo Campo Majoritário, sua corrente no partido. Insatisfeitos com a pré-candidatura do assessor da Presidência Marco Aurélio Garcia na disputa pelo comando do PT, deputados mais próximos ao Planalto bateram o pé. A estratégia funcionou: depois de muita chiadeira, conseguiram que Lula desistisse de emplacar Garcia e desse a bênção ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), agora candidato à reeleição.

Marco Aurelio Garcia



O “sim” de Berzoini, que alegava motivos familiares para não entrar no páreo, será assunto nos bastidores da reunião de hoje do Diretório Nacional, em São Paulo. Na outra ponta, o grupo Mensagem ao Partido, capitaneado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, vai lançar o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP). São candidatos, ainda, o deputado Jilmar Tatto (SP) - que desponta com força em São Paulo -, o secretário de Assuntos Internacionais do partido, Valter Pomar, e Markus Sokol, de O Trabalho.

Jilmar Tatto

Lula recebeu Berzoini no Palácio do Planalto, na terça-feira, após ser informado pelo chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, da rebelião petista. Sem passar recibo, o presidente disse que precisava manter Garcia na Assessoria de Relações Internacionais e pediu a Berzoini que concorresse a um novo mandato na eleição marcada para 2 e 16 de dezembro.

“Eu já tinha manifestado meu interesse de não competir, em função de questões pessoais. Diante de várias manifestações de parlamentares, sindicalistas, dirigentes estaduais e nacionais do PT, eu tomei a decisão de reconsiderar e pedi à minha família um pouco mais de paciência”, disse Berzoini ontem em São Paulo. Ressaltando que somente os eleitores decidirão sobre sua permanência no cargo, ele acrescentou que conversou com Garcia, antes de aceitar a candidatura.

Apesar do discurso oficial, contudo, já está tudo certo e seu nome será homologado amanhã, em reunião de sua tendência. Na quarta-feira, após acertar os ponteiros com o Planalto, 42 deputados da corrente de Lula - dos 81 que compõem a bancada - assinaram manifesto de apoio à permanência de Berzoini.

Na prática, integrantes do grupo de Lula só decidiram enfrentá-lo após perceber que, com Garcia no páreo, Tatto poderia vencer a eleição no PT. O deputado tem o aval da facção liderada pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, e do Movimento PT, corrente do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).


COLABORARAM LISANDRA PARAGUASSÚ e CLARISSA OLIVEIRA

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