quarta-feira, 8 de agosto de 2007

PT: Encontro de Minas, como São Paulo, quer anticipação do PED

Antecipação da eleição das novas direções do PT (PED) é adotada por unanimidade no Encontro estadual do PT de Minas Gerais

Cúpula petista vence unida em Minas
Cristiane Agostine do jornal Valor

Na rodada de escolha dos delegados estaduais que participarão do Congresso Nacional do PT, Minas Gerais firmou-se, proporcionalmente, como o maior reduto do antigo Campo Majoritário, grupo considerado o mais moderado na legenda e que comanda o partido há mais de uma década. Minas tem o segundo maior número de delegados no Congresso e destes, pouco mais de 60% são do núcleo que detém a hegemonia petista.

Dos 934 delegados que participarão do Congresso Nacional e definirão as mudanças no o estatuto do PT, as regras de conduta éticas e as diretrizes para as próximas eleições, 73 são de Minas. O maior grupo é o de São Paulo, com 334. Os dois diretórios com mais representantes no Congresso registraram uma redistribuição de forças políticas opostas desde a última eleição interna da legenda, em 2005. O ano foi marcado pela denúncia do mensalão, supostamente comandado pelo então líder do grupo, José Dirceu. O Campo Majoritário perdeu espaço em Minas e manteve-se forte em São Paulo. Dois anos depois, o quadro mudou: o ex-Campo Majoritário perdeu força em São Paulo, mas em Minas, não só cresceu como conseguiu o apoio de outras tendências. Em Minas, o Campo congrega, além do ex-ministro Nilmário Miranda, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, o secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.

Em 2005, o confronto interno em Minas foi radicalizado com a denúncia do suposto esquema de mensalão e as tendências mais à esquerda voltaram-se contra os moderados do então Campo Majoritário. No diretório mineiro, Nilmário foi eleito presidente pelo ex-Campo Majoritário (atual "Construindo um Novo Brasil") por uma pequena maioria e concorreu com sete candidatos. Em 2006, na disputa pelo governo do Estado, parte do PT mineiro firmou aliança com o PMDB e deixou dirigentes raivosos . "Houve uma tensão muito forte no pós-eleição. Uma parte do PT apoiou Aécio Neves e até mesmo deputados de outros partidos", disse o presidente estadual.

Sob gestão de Nilmário e já com vistas a 2008, os dirigentes minimizaram as diferenças e formaram uma chapa única para escolher os delegados estaduais. As diferentes tendências entraram em acordo até mesmo para tirar uma resolução com um tom ameno em relação ao governo federal e às crises enfrentadas pelo PT. "Em acordo, tiramos as partes mais agressivas da resolução", conta Nilmário. "Agora temos um clima de diálogo, diferente do que foi em 2005 e 2006", diz.

No congresso estadual de Minas, os delegados foram unânimes no voto pela antecipação da eleição interna do PT, com a troca das direções do partido em todo o país. Foram unânimes também na decisão de instalar uma Constituinte para debater a reforma política.

Na análise feita por Nilmário, a boa situação do seu grupo em Minas não será a mesma no Congresso Nacional. "Pelo levantamento preliminar, temos 52% dos delegados. Isso é pouco para um Congresso, é pouco para aprovar as teses. Mas vamos mostrar que não existem diferenças centrais entre as propostas", disse.

Entretanto, o presidente estadual acredita que Congresso Nacional deverá reproduzir essa tendência de amenizar o discurso e abafar as críticas contra supostos desvios éticos de dirigentes, deixando em segundo plano a a crise enfrentada pelo PT. A proposta do "Movimento PT" , de formar uma corregedoria para investigar desvio de ética, será rejeitada.

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