terça-feira, 13 de novembro de 2007

Tucanos admitem que o partido está em crise e desorientado

Vale a pena ler o artigo de Gerson Camarotti do jornal O Globo. Como não basta constatar a crise do PSDB, o artigo se faz eco dos que querem levar o partido a uma oposição raivosa tipo DEMos. Acontece que esse tipo de postura mostrou-se insuficiente para angariar apoios e crescer eleitoralmente. Na ausência de programa alternativo ao do governo, o udenismo já mostrou que leva a impasse, por isso os governadores procuram uma saída numa certa convergência com Lula em questões centrais. Porem, tem muito gavião disfarçado de tucano e pouco tucano disposto a descer do muro. To be or not to be, para os tucanos também é a questão.


Gerson Camarotti - O Globo

BRASÍLIA - A decisão da bancada do PSDB de encerrar a negociação com o governo pela prorrogação da CPMF, na semana passada, não tirou o partido do divã. Pelo contrário. Ao explicitar a divisão no ninho tucano, a cúpula do partido resolveu rever o seu papel na oposição. A crise é tamanha no partido que na convenção para escolher o novo presidente, no fim deste mês, o partido tentará discutir o seu papel na oposição.

" O PSDB não sabe o que quer da vida. "

- O PSDB não sabe o que quer da vida. A situação é péssima. O partido está desorientado, sem bússola, sem rumo! Não adianta o vento ser favorável se o marinheiro não sabe onde quer chegar. O problema da CPMF era do governo, e nós, tucanos, tivemos a competência de trazê-lo para o nosso colo. A verdade é que o PSDB tem uma síndrome: quando está no governo, quer ser oposição. Quando está na oposição, quer ser governo - analisou o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), ex-líder do governo Fernando Henrique Cardoso.

O senador Tasso Jereissati (PSDB -CE) - Ailton de Freitas/O Globo A constatação interna é de que a legenda ainda não encontrou uma identidade própria desde que foi para oposição, na eleição de 2002. Preocupada com o desgaste, a cúpula do partido chegou a encomendar uma pesquisa para saber que rumo tomar, inclusive na polêmica sobre a prorrogação da CPMF. A pesquisa foi contundente: a maioria esmagadora da população era contra a renovação do imposto do cheque. Por isso, a nova ordem no partido é de tentar buscar uma sintonia maior com a opinião pública.

- Ser oposição exige um trabalho muito sério. Temos que construir a nossa posição em sintonia com a opinião pública. O debate sobre a CPMF foi um exemplo disso. Não podemos nos dividir - observou o deputado José Aníbal (SP), ex-presidente do PSDB.

Essa advertência não é por acaso. O partido vive sua pior crise de identidade desde sua fundação, em 1988. Os tucanos ressentem-se de vários desgastes recentes, inclusive com o que ocorreu durante a negociação da CPMF. Pragmático, o grupo de governadores liderados por José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG) tentou um acordo com o governo Lula para encontrar facilidades numa possível vitória tucana em 2010.

Enquanto isso, o grupo liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliava que essa estratégia seria um erro e que enfraqueceria o partido, já que perderia sua personalidade como uma legenda de oposição. A avaliação na base, e em outros setores da oposição como DEM e PSOL, é de que o PSDB perdeu consistência no governo Lula.

Não é o primeiro erro recente do PSDB. A bancada na Câmara ficou dividida na votação do presidente da Casa, em fevereiro, e acabou dando os votos necessários para o petista Arlindo Chináglia (SP) assumir o comando da Casa. O partido arrepende-se também de não ter sido mais duro no escândalo do mensalão, o que permitiu a recuperação de Lula. Outro erro citado pelos próprios tucanos foi o apoio à tentativa frustrada de aumento do salários dos parlamentares no fim do ano passado.

- O PSDB está em crise. O problema é que falta democracia interna. Se todas as decisões fossem debatidas internamente, não haveria crise. O que não pode é ter uma decisão de cúpula - disse o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).

Na semana passada, no auge do desgaste político provocado pela disposição de fazer um acordo com o Palácio do Planalto, a bancada do PSDB no Senado decidiu por 9 votos a 4 encerrar as negociações com o governo e fechar uma posição contra a prorrogação da CPMF, depois de uma forte pressão da bancada da Câmara. A decisão foi tomada depois da constatação de que a possibilidade de um acordo iria rachar o partido de forma definitiva.

" A tradição do PSDB é de ser reflexivo e responsável. Não tomamos uma decisão com o fígado "

Vários deputados chegaram a argumentar que seria muito desgastante para o partido continuar aparecendo em fotografias almoçando no Ministério da Fazenda. Depois da crise, o presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), reconheceu algumas dificuldades internas, mas tentou amenizar a crise tucana.

- A tradição do PSDB é de ser reflexivo e responsável. Não tomamos uma decisão com o fígado. Colocamos em primeiro plano os interesses do país. Um partido forte como o PSDB não pode ser julgado por um fato ou por uma posição de momento - ponderou Tasso Jereissati.

O futuro presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), é cauteloso com o atual momento do partido. Mas reconhece o momento de dificuldade interna.

- Quando um partido é governo, as decisões são tomadas com mais facilidade. O problema é que o PSDB é oposição, mas continua sendo um partido com grande responsabilidade com o país. Por isso, é natural que haja dificuldade em decidir em alguns pontos - argumentou Guerra.

Um comentário:

Sylvia disse...

Talvez nada a ver com o post, mas não aguento mais aquela Lucia Hippolito no UOL falando do governo Lula de modo tão devastador, como se tudo que o governo faça fosse uma idiotice completa e ganhando sempre chamada na página principal do UOL. Enviei dois e-mails para a ombudsman do UOL, não suporto nem ouvir a voz dessa mulher e por favor, alguém me dia qual é o seu currículo, porque é tão famosa assim, porque é tão respeitada assim...