sábado, 19 de maio de 2007

Intervenção da PM ‘mata’ a universidade, diz professora

Professores da Universidade de São Paulo (USP ) condenam a intervenção da Polícia Militar nas negociações entre a reitora Suely Vilela e os estudantes que ocupam o prédio da reitoria desde o dia 3 de maio.

“A hora que a universidade precisar da força de repressão é porque perdeu seu lugar de crítica, de negociação, de aceitação das idéias, de desenvolvimento de conhecimento e da ciência. Isso mata a universidade”, afirma a professora Zilda Iokoi, do Laboratório de Estudos da Intolerância (LEI) da USP.

“A universidade tem autonomia e não precisa da força de repressão do estado. Todas as vezes que a polícia entrou no campus foram no tempo da ditadura militar, e não queremos esse retorno”, completa a professora. Ela afirma que as normas de convencimento e de violência da polícia militar não pertencem ao universo de uma instituição de ensino.

Preocupados com a possibilidade da entrada da tropa de choque na USP, um grupo de docentes chamados pela professora Zilda formou uma comissão para acompanhar as negociações entre os alunos e a reitoria e evitar atos violentos. Logo na primeira reunião, nesta sexta-feira (18), a comissão mediadora conseguiu fazer as negociações avançarem para que estudantes e representantes da reitoria entrem em acordo.

Autonomia

A autonomia universitária, ponto central dos debates do protesto de ocupação da reitoria, é fundamental para a livre pesquisa. Segundo o professor Leonel Itaussu Almeida Mello, do Departamento de Ciência Política da USP, a origem da instituição universitária está ligada à sua independência de gestão. “A universidade surgiu na baixa Idade Média e, desde aquela época, a liberdade de pensamento era garantida pela não intervenção das autoridades exteriores. Isso ocorria, por exemplo, nas universidades de Bologna, Cambridge e Oxford”, diz Mello. Por isso, de acordo com o professor, os conflitos têm de ser resolvidos pela comunidade, envolvendo estudantes, professores e alunos. Nós [da universidade] nos autogerimos e prestamos contas à sociedade.” “Muita gente acha que o governo estadual restringe o que é mais precioso”, diz Mello, estas divergências ocasionaram os conflitos que culminaram com a ocupação da reitoria e com a ameaça da violência policial. Leia mais aqui no G1 portal da Globo

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