quarta-feira, 30 de maio de 2007

Obama "Há qualquer coisa de espiritual nele"



12.02.2007, Joana Amado

Teve que viajar de Chicago até a uma aldeola queniana junto das margens do Lago Vitória para se encontrar. A vida de Barack Obama, a estrela política do momento nos Estados Unidos, dava um livro. Ele já o escreveu. Aos 33 anos.

Obama é branco e é negro. É do Kansas e é do Quénia. Nasceu no Havai, cresceu na Indonésia, estudou em Los Angeles e Nova Iorque e construiu a sua carreira profissional e política em Chicago. Obama é exótico. Obama é diferente. Obama é uma estrela rock. É sexy. Os americanos estão excitados com o novo candidato. "Há qualquer coisa de espiritual nele", diz Kris Schultz que dirige o site "Run Obama", criado para "convencer" o senador de 45 anos a candidatar-se à presidência dos Estados Unidos.

Há 12 anos, quando era ainda uma figura em ascensão na cena política de Chicago, escreveu as suas memórias, um livro de auto-descoberta que se tornou num best-seller nacional quando Obama foi eleito senador pelo estado de Illinois em 2004. Um livro de memórias aos 33 anos? O próprio explica que se trata do relato "de uma rapaz à procura do seu pai, e de como através dessa busca encontrou um significado prático para a sua vida como um negro americano".


"Dreams from my father, A story of race and inheritence" começa no meio da história, em Nova Iorque, quando o estudante universitário Barack recebe um telefonema de longa distância a informá-lo que o seu pai tinha morrido num acidente de carro no distante Quénia. "Na altura da sua morte, o meu pai permanecia um mito para mim", escreve Obama. De Barack Hussein Obama, o filho só conhecia as histórias que a mãe e os avós lhe foram contando ao longo da infância e da adolescência. Ao vivo, e que Obama se lembre, só conheceu o pai uma única vez, quando este o visitou no Havai tinha o jovem "Barry" dez anos. Antes disso não conta, porque o pai deixou a sua família americana quando o filho tinha apenas dois anos.

E quem era Barack pai? "Era um africano", escreve Obama. Um queniano da tribo Luo, nascido nas margens do Lago Victória num sítio chamado Alego. A aldeia era pobre, mas o seu pai - o avô Hussein - tinha sido um agricultor importante, um ancião da tribo, um curandeiro. "O meu pai cresceu a pastar as cabras do seu pai e a estudar na escola local, estabelecida pela administração britânica, onde se revelou um aluno promissor". De Alego partiu para Nairobi com uma bolsa de estudo e depois seguiu para os Estados Unidos, integrando a primeira vaga de africanos que foram enviados (com fundos ocidentais) para o "Primeiro Mundo" para se formarem de forma a regressarem a casa com as ferramentas necessárias para "construir uma nova e moderna África".

Em 1959, com 23 anos, chegou à Universidade do Havai como o único estudante africano daquela instituição. Em três anos graduou-se em econometria como o melhor da turma.

Foi também o mentor e primeiro presidente da Associação Internacional de Estudantes da universidade. Conta Obama: "Num curso de russo, conheceu uma americana tímida, que tinha apenas 18 anos, e os dois apaixonaram-se. Os pais da rapariga a princípio mostraram-se muito prudentes mas depois foram conquistados pelo seu charme e a sua inteligência; os dois casaram-se e tiveram um filho que recebeu o nome do pai". Depois..., bem, depois Barack não podia parar. Deixou a sua recém-inaugurada família para ir para Harvard, onde se doutorou, e regressou ao Quénia onde tinha a sua missão por cumprir. Leia mais aqui no jornal O Público de Portugal (versão impressa para assinantes)

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