Grupo Rosset estuda levar produção para o exterior
Ivo Rosset, presidente do grupo, avalia instalação
de uma fábrica-piloto na China ou no Sri Lanka,
além do Caribe
Patrícia Nakamura para o jornal Valor
O empresário Ivo Rosset, presidente do grupo que leva o nome da família - fabricante das marcas Valisère, Cia. Marítima, além de tecidos e rendas - já cogita abrir uma unidade de produção fora do país. Insatisfeito por perder negócios no exterior nos últimos anos - e obrigado a abrir mão das margens para manter os mercados já conquistados - o executivo analisa a instalação de uma fábrica-piloto na Ásia ou em algum país do Caribe para recuperar o faturamento que a empresa conseguira fora do país.
Há pelo menos três anos o faturamento do grupo Rosset se mantém estável na casa dos R$ 600 milhões. Enquanto o ritmo de crescimento do mercado interno vem acompanhando o do PIB, as vendas externas, que representavam na época cerca de 25%, neste ano devem cair pela metade. As vendas caíram tanto no segmento de tecidos como o de confecções (lingerie e moda praia). "Temos tecnologia e produtos para competir no mundo todo. Nosso problema é do portão da fábrica para fora", afirmou Rosset ao Valor.
O empresário disse ser penalizado - assim como toda a cadeia têxtil nacional - pela combinação perversa de real valorizado, alta carga tributária e competição dos produtos chineses. Um dos entusiastas da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência em 2002, Rosset criticou a política de juros, que segundo ele é o principal responsável pela atração de dólares para o país, valorizando a moeda local. "Nossa taxa deveria ser de, no máximo, dois pontos percentuais acima dos juros americanos, mais a inflação", o que nas contas do empresário resultaria em juros próximos a 10% ao ano. "Ao cortar essa 'gordura', o dólar poderia voltar ao patamar de R$ 2,20 a R$ 2,30, o que pode ser considerado saudável para o setor têxtil".
O empresário também não poupou críticas à carga tributária e a falta de mecanismos de compensação para fazer frente às importações chinesas. "Quando exportamos, mandamos para fora também os impostos trabalhistas, tirando a competitividade do produto brasileiro". Rosset deve visitar a China em setembro para analisar as condições locais e já recebeu uma delegação de empresários do Sri Lanka. Esses dois países têm uma forte indústria têxtil e um dos mais baixos custos trabalhistas do mundo. O Caribe também está na alça de mira do empresário, pois vários países possuem acordos de livre-comércio com os Estados Unidos, principal mercado mundial de têxteis.
Rosset afirmou que a abertura de fábricas no exterior será o "último recurso" de seu grupo caso o governo não adote medidas para devolver competitividade à cadeia têxtil. Mas se disse esperançoso. "Estamos conversando com vários ministério e alguma solução deve sair nos próximos meses". Entretanto, Rosset disse que aguarda a ação do governo para continuar seus planos de investimento - o último foi a transferência de uma fábrica de rendas da capital paulista para a vizinha Guarulhos, que consumiu US$ 10 milhões.
Tradicional grupo paulista - criada em 1939 e com uma dezena de fábricas no Estado - o Rosset arrendou uma fábrica de tecidos e montou uma unidade-piloto de lingeries da Valisère em São Gonçalo do Amarante (CE). Caso julgar a experiência bem-sucedida, a empresa poderá transferir para lá a unidade que fica na divisa dos municípios de Santo André e Mauá (SP), que emprega 2,5 mil pessoas só na produção.
O empresário disse que o ICMS cobrado no Ceará, de 3%, poderá atrair boa parte do pólo de confecções paulista, que paga um ICMS de 12%. "Outros estados também baixaram suas taxas".
Um comentário:
É pena que o Brasil perda uma empresa do porte da ROSSET, porcausa da burocracia.
Eu moro na Suiça e tenho um atelier de biquinis, tentei varias vezes comprar material daqui, e a resposta era sempre que não podia, por que não sei mais o que....
Que pena, pois aqui basta vc pagar o imposto e posso comprar quantas toneladas de lycra.
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